De onde vêm os loucos?

A pequena menina da janela da sua casa acariciava o seu gato que estava lá todo espichado esquentando sol.

De repente a garotinha viu uma mulher estranha vindo no meio da rua. A garota parou de fazer as carícias no gato e passou a observar aquela mulher que todos chamavam de louca. O gato também olhou com uma cara de desprezo para a mulher.

Ela usava um vestido todo remendado e sujo. Ela dançava sozinha na rua e ás vezes parecia conversar com alguém. Os meninos que passavam riam e alguns jogavam pedras na mulher. Ela não lhes dava atenção ficou ali parada, olhava para o céu e deixava o céu acariciar seu rosto e depois sacudia os longos cabelos desgrenhados e continuava a dançar.

Com os braços pro ar sorria dançando até que viu a menininha na janela. A louca sorriu para ela e pegou uma flor que viu sair pela cerca da casa vizinha e continuando a dançar sorrindo entregou a flor à menininha. Elas sorriram e ficaram se olhar a menininha esticou a mãozinha e acariciou a cabeça da louca, ela beijou a mão da menininha e saiu dançando. A garotinha ficou girando o cabo da flor e olhando a mulher descer a rua e curiosa perguntou:

- De onde vêm os loucos?

O gato se espreguiçou e olhou para a menininha e respondeu:

- Eles vem de um lugar onde seus corações são partidos.

A menininha sentiu pena da mulher que descia a rua cantando e dançando. Não entendeu como alguém com o coração partido podia ser feliz, porque a mulher na sua loucura era feliz.

O gato vendo a dúvida nos olhos da menina lhe disse:

- Você não entende não é?

- Acho que não.

- Então veja com os olhos do coração.

Ela fechou os olhinhos com força e ao abri-los conseguiu ver a beleza que tinha na loucura da mulher. Ela não descia a rua sozinha. Ela caminhava por um imenso tapete vermelho e era aplaudida pelas pessoas. Seu vestido remendado era um lindo vestido de festa. Seus cabelos tinham flores e pérolas e ela não dançava sozinha. Havia ali o homem que partira seu coração. Ele vestido de príncipe bailava com ela pelo tapete vermelho. E os dois eram felizes.