PÉ DE CIDRA

Dias frios, dias quentes, dias de sol, dias de chuva, dias nublados, dias e dias e dias...

Não importava como estavam os dias, o pé de cidra estava lá.

Sempre com duas ou mais cidras no ponto, outras chegando e flores se abrindo.

O ano todo ela seguia o seu curso, sempre com frutos dependurados em seus galhos.

Suas folhas grandes e pequenas, galhos grossos e finos, que serviam de poleiro para as galinhas caipiras descansarem durante o dia.

Debaixo de seus galhos a terra solta e poeirenta servia para Felipe fazer seus brinquedos e aguçar a sua imaginação de garoto montanhês.

Lá ele fazia o curral com barbantes que vinham em sacos de açúcar, e mourões feitos com galhos de alecrim. O gado era de sabugos de milho. Os sabugos eram de cores vermelhas, brancas e roxas escuras. Cada sabugo era um animal confinado no curral feito de barbantes.

Ali ele passava os mais belos dias da sua infância.

Roupa suja de terra, terra roxa do chão.

Nesse quadro maravilhoso a imaginação de Felipe ia se estruturando para ser depois alguém na vida. Embora ele nem pensasse nisso, mas era isso que estava acontecendo.

Os anos se passaram, a vida foi voando e mostrando outros horizontes para Felipe.

O pé de cidra acabou.

A terra roxa continua lá.

Felipe guarda tudo isso em sua caixinha de saudades.

É isso aí!

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 09/02/2015
Código do texto: T5131055
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