A estrelinha com febre

Há dezenas de milhões de anos, uma pequena estrela vê-se dentro de nuvens gigantes. No meio de uma delas, a estrelinha contempla o berçário estrelar – e observa uma chama, leve e trêmula, de pequenas estrelas como ela, e num sorriso acompanha o som que há no local.

“Pimm!” as nuvens se movimentam nos ventos da região. E elas passam: “Vou me juntar mais ali com umas amigas...!”. E lá vão elas... E se agrupam em grande som: “Pim-pom!”.

Poeira e gases correm atrás dos giros do vento central.

Então, uma brisa fina e desprendida desse vento chega e pergunta:

— Você gosta de sons? Quer brincar comigo? — balbucia assim numa voz de quem está vendo o trem passar.

As pontas da estrelinha ficam que nem vagalumes iluminados, enchendo o local onde está de uma luz branco-amarelada.

Neste interim, as nuvens, como é natural, vêm e vão. E saem falando: “Vem-e-vai”, e continuam: “Vai-e-vem...!”

— Você sabe para aonde elas vão? — pergunta e as pontas levantadas da estrelinha ficam esperando a resposta.

A brisa ouve o rodopiar das nuvens no vento, apercebe-lhes a inexplicável felicidade de ir e vir e como num anúncio de festa pronuncia:

— De tempos em tempos, o vento vai-se embora... E as nuvens vão também... Aos poucos, todos nós vamos! Um dia, você vai também...

De repente, antes que a estrelinha pudesse comentar alguma coisa, fica tudo cheio de partes de poeira, gases e nuvens. A brisa, de rendas nas saias das pernas finas, exclama:

— E você, estrelinha, por que está ficando vermelha como se estivesse com febre?

As outras estrelinhas que estavam no berçário vestem-se de cores amarelo-vivo, com as pontas meio avermelhadas...

— Estamos todas com febre? — pergunta a estrelinha com medo evidente correndo os olhos no berçário estrelar.

Suas pontas começam a girar e o restante do corpo acompanha o movimento. Quase não pode mais ouvir a brisa devido a um calor que toma conta de seu peito. E gira-gira tanto: “tatá-tá...”

Como um motor ligado, a estrelinha corre no céu escuro! Roda mais um pouquinho e para.

Há agora outra cor! Uma luz branca, de quem nasce como uma nuvem alva, ganha o céu! “É bom sentir-se plena!’, pensa a estrelinha, abrindo as pontas carregadas de chamas.

E existe um céu azul! Um lugar novo todo dela! E como cresceu! Ah, era isso! A febre era por que estava crescendo e ganhando rumo diferente. Agora estava instalada noutro lugar. Afinal, toda estrela deve ter um céu, acompanhado de outros astros – planetas, luas e outras partes incertas de luzes. Parecia, assim, que levaria milhões de anos para tudo se formar... milhões, bilhões e trilhões de anos...

E a estrelinha pôs-se a sorrir como se fosse um Sol bochechudo e amarelo no céu, bem especial!

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 24/05/2016
Reeditado em 24/05/2016
Código do texto: T5645891
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