A ENCANTADORA LUA

 

Num aconchegante frio de uma noite de inverno, a menina trajava um vestidinho azul com flores coloridas, que dava realce a sua beleza, simplicidade e meiguice. Desnudada do mundo lá fora, debruçada sobre a janela do antigo casarão alpendrado, de onde se via, logo à frente, a porteira do curral. A chuva fina teimava em cair sobre o rústico e velho telhado. Os respingos escorriam sobre a sua delicada face. O seu riso angelical, seu olhar alheio, vidrado para o infinito, nuvens escuras, vento suave. A brisa rasteira tocava delicadamente o seu pequeno e esguio corpo. Naquele instante, de êxtase, a garotinha buscava o seu encontro amoroso com a lua e as estrelas. Logo, naquela noite precisava fazer um inocente pedido à lua cheia e dar continuidade à contagem das cintilantes estrelas. Procurar as “sete estrelas” da história contada pelo seu genitor e olhar a beleza da estrela Dalva. De repente, o corre-corre das ovelhas por abrigo, os pingos agora desciam grossos e pesados, batendo forte no janelão da lateral da casa. O relâmpago abria a escuridão e o trovão estremecia a terra, demorado e assustador. Apressada, a menininha entrou em busca da sua aconchegante rede branca de varanda rosa. Sua cuidadosa mamãe, como sempre fazia, colocava sobre a rede, outra aberta e esticada com duas varas para protegê-la dos respingos do teto. O pai, cansado da labuta, já dormia profundamente indiferente à tempestade. A garota se deitou, pegou seu lençol estampado com odor de xixi, fez uma prece e adormeceu. Sonhou com a enorme e encantadora lua cheia e com as estrelas, que lhe sorriam e prometiam voltar no outro dia. Escutou o canto rasgado da coruja e a bela sinfonia dos sapos no aguaceiro do terreiro alagado. Sentiu o cheiro da laranjeira e do florido jasmim que ficavam perto da porta do quintal e deslumbrou-se com o arco-íris, que tornava mais lindo o céu do amado sertão.

 

Revisão ortográfica:

Humberto Fontinele Lopes 

Fortaleza-CE