PÁSSAROS DE MARTE

Amanheceu. Abri as janelas como de costume para ver o brilho do sol e o canto dos pássaros. Que estranho... Estava tudo tão estranho... Um dia lindo de sol e não haviam pássaros pendurados ao varal. Nem mesmo nos fios onde costumam ficar pendurados junto das rolinhas esperando-me com suas migalhinhas de pão.

Senti um aperto no peito. Tremor. Não havia nem vento. As plantas estavam paradas, silenciosas, tristes, tive a impressão de vê-las chorar.

Olhei para minha planta verde e amarela que chamo de brasileirinha porque não sei o nome dela. Achei-a em algum lugar distante daqui, peguei um galho e plantei. Nessa terra tudo dá e ele se deu também. Cresceu... Cresceu... ficou bela e faz festa dos olhos que aprenderam a amá-la.

Passei os olhos pelas roseiras e descendo os olhos localizei uma viuvinha. Também não sei o nome deste pássaro. Seu peito é branco e suas asas são pretas. Chamam-na de viuvinha. Também não sei o por quê. Que importa? É linda e o contraste do preto e branco tornam-na mais bela.

- Olá viuvinha! Como vai? Que faz sozinha e tão cabisbaixa?

- Você não sabe? – Perguntou-me ela.

- Não... nada sei... Acordei agora. O que houve?

Os pássaros se foram para Marte.

- Para Marte? – espantei-me e insisti – Como aconteceu e por que isso?

- Ah... Descobriram que lá há gelo e atrás do gelo há água. Conheceram outras formas de vida que os apoiaram e alimentaram. Cantam e brincam soltos. Não sentem fome, pois há fartura. Não temem o homem, por que lá não habitam. Cantam, brincam, alimentam-se. E o ar? Nossa... Que ar puro...

- E por isso foram embora? – Nada estava entendendo. Estava perplexa e indignada

- Claro amiga humana. Está impossível sobreviver neste lugar que chamam de Terra.

- Minha viuvinha amada... que bom que você ficou...mas...me diga porque você resolveu ficar e não seguir seus companheiros?

- Para fazer juz ao meu nome.

Chorei. Sem meus pássaros, não me resta mais nada...

Rose de Castro

Ghost Writer e Poeta

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Rose de Castro
Enviado por Rose de Castro em 28/06/2008
Reeditado em 29/07/2008
Código do texto: T1055874
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