O homem que escrevia

Uma dor no baixo ventre anunciava a hora do almoço.

Olhou desolado para seu varal de cordel no meio do alvoroço.

Oito títulos, uma vida expressa em verso.

Deixou Fortaleza para tentar a vida disperso.

Nenhum livro fora vendido.

Viu-se fadado e vencido.

Sentou-se e com um toco de lápis rascunhou sua dor versificada. Amassou no mesmo instante, pensou que não valia nada.

Chorou! Como há anos não chorava.

Enforcou-se com o varal que versificava.

Paulo Marques