NO HACKER 1ª parte - "Tamanduá Bandeira"

NO HAKER

O livrinho de bolso

de um historiazinha boba sobre uns personagens bobos que não tem coisa melhor a fazer na vida, senão brigar por picuinhas, enquanto outros trabalham, produzem e ficam ricos.

Infelizmente, porém, é o retrato da vida real – onde os atores interagem no dia-a-dia sem ensaiar direito a peça.

Não é algo de que o protagonista possa se orgulhar, mas serve de exemplo para balizar padrões comportamentais.

Mas o que não é bom, pode também não ser mau. Talvez, apenas, um entretenimento de mau-gosto ou cultura inútil.

Enfim, é algo que foi mal feito. As conseqüências são o preço do aprendizado.

De resto, é ler e ver o que se pode aproveitar. Porque na vida nem os restos são lixo; são resíduos. Para isso, entretanto, é preciso atitudes adequadas.

Não dá para mudar o que foi feito, nem chorar pelo leite derramado. Apenas, e tão somente, aproveitar como lição. Para alguma coisa isso deve servir!...

Para lixo ou para resíduo. Vamos ver!

1ª PARTE TAMANDUÁ BANDEIRA

Pelos idos de um mil novecentos e oitenta e poucos o “Tamanduá”, como era chamado na surdina o chefe do pedaço, resolve contratar uma copeira. Porém, para evitar comentários na comunidade, publica um edital de concorrência.

As interessadas se inscrevem, pagam a taxa e participam dos exames. Das dezenas de candidatas, restaram meia dúzia para a entrevista final. Entre elas, a filha do padeiro e a do relojoeiro – as duas mais cotadas para a única vaga, com base nas notas anteriores.

No dia da entrevista elas estavam lá – naquele momento só as duas já – aguardando a chamada em frente ao prédio “último dia do mês mais curto dos anos não bissextos”, quando se aproxima delas uma colega da escola, filha de um senhor venerando, e pergunta:

– Vocês participam do concurso para copeira?

– Sim! – respondem elas em uníssono.

– Perdem seu tempo... (e dinheiro)

– Como assim?! – perguntam elas apreensivas.

– A vaga já é da “Aparecida Namoradeira”.

– Mas ela foi a primeira entrevistada e saiu tão rápido quanto entrou. Na prova escrita também foi assim... Já a considerávamos descartada.

– Engano. Vocês fazem papel de bobas. Todos aqui da Praça já sabem que o concurso é “marmelada”. E já faz tempo...

E assim foi! Na lista de classificação a “Namoradeira” aparece em 1º, a filha do padeiro em 2º, e a filha do relojoeiro em 3º. Exatamente como estava previsto: a lógica e o doce de marmelo como sobremesa – como as formigas gostam.

Após a entrevista, as duas comentavam os detalhes e não se conformavam:

– Por isso que o “Dog Lindo” nos disse – às duas – que, no caso de desistência da titular, seria chamada quem estivesse na seqüência da classificação...

– Pois é! Na verdade a lista já devia estar pronta antes da entrevista e tudo não teria passado de um jogo de cena...

Enfim, a “Aparecida Namoradeira” foi copeira por pouco tempo e desistiu do emprego. Surpresa maior: foi chamada para seu lugar a “Irmã Tereza” (parenta de um ex-legislativo – cotado para o Executivo) que sequer participara do concurso – ficava tudo em família (política).

E a lista de classificação? Ninguém mais se lembrava dela – senão as legítimas suplentes que, como a maioria dos brasileiros, não eram de briga e detestavam se meter em confusão, mesmo por um direito adquirido. Mas a comunidade tomou conhecimento e, a partir daí, o comentário foi geral.

O “Tamanduá” “deu bandeira”...

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 10/04/2006
Reeditado em 02/10/2011
Código do texto: T136820
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