Chuva de vento

O dia todo foi de um calor quase infernal, a brisa quente que fazia com que o suor escorresse -mesmo que não se quisesse- por todo o corpo das pessoas daquele lugar, insistia em ser soprada para dentro das casas, aumentando ainda mais a sensação escaldante.
De repente de brisas tornaram-se ventos fortes, de tal maneira a terem uma força capaz de envergar as jaqueiras e abacateiros vizinhos, as folhas revoavam pelos céus e rodopiavam até repousarem no chão.
Entre ventos e gotas de chuvas perdidas, ele entrou. Pegou a menina pelas mãos e levou-a até a varanda, poderia assim ver de perto o que tanto deslumbrava pela porta de vidro: o vento.
Não sabia o que era, não conseguia "vê-lo", mas podia sentí-lo, sabia de sua presença, que era capaz de quase dobrar os galhos das árvores, sem que pudesse ser visto... E isso era no mínimo muito sinistro.
Ficaram ali fora por um tempo, contemplando tamanha maravilha da natureza.
Depois, já um pouco cansada, olhou para cima e deparando-se com o olhar carinhoso do pai, pediu colo. Abraçou-o e beijou-lhe ternamente a face -como em silencioso agradecimento- .
Finalmente entraram.