Quem tem telhado de vidro não atira pedras no telhado do vizinho





Estávamos ali, em minha Fábrica de Pão. Ela me tirou do serviço. Queria tomar café. Tive que ir, embora estivesse pelas tabelas de tanto trabalho para fazer. É minha chefe imediata. Tem poderes. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Atravessamos a rua e enquanto ela tomava café com pão e manteiga eu fiquei observando. Estava me dando lucro, nada a reclamar. Ele chegou. Professor e filósofo, mas não estava agindo como tal. Antes, pelo contrário. Começou a fazer perguntas idiotas sobre ela. Para mim, mesmo ela estando a sua frente. Eu respondia. Ela olhava, comia e ria. Quando ela se afastou para ir até o Caixa ele fez a última pergunta: Ela não é aquela que o namorado morreu em um acidente? Marido, respondi. Ela é viúva e isso já faz uma eternidade. Então saímos, as duas. E eu disse: acho que ele pensou que você era idiota, percebeu? Perguntando coisas sobre você, a mim!E tendo você a sua frente escutando tudo!!! Ela concordou. Está meio gagá, coitado. Resolvi contar-lhe sobre a última pergunta, a que ela não ouvira. Ela subiu nas tamancas. Que velho senil! Como ele pode perguntar isso? Ele foi ao meu casamento. Eu tenho fotos dele, sentado em uma mesa com fulana! Para arrematar ela disse: Mas o que é que fulana tinha a ver com ele? Por que estavam na mesma mesa? E a mulher dele, onde estava?Eu respondi, candidamente. Fulana era a mulher dele, amiga. Você se esqueceu? (30/07/09)