Paranóia

Era uma tarde nublada de domingo. Um cidadão comum andava por uma avenida onde quase não se via ninguém. Quase deserta, pode-se dizer.

Temia a violência urbana. Andava pela avenida atônito, estremecendo. Mas não tinha qualquer objeto de valor. A única coisa que tinha era medo. Medo de uma arma de fogo ou de uma lâmina, medo de ser abordado e agredido ou, até, assassinado.

Quando ouviu uma árvore atrás dele balançar ao vento, achou que era um assaltante preparando sua emboscada. Não mediu atitudes. Correu desesperadamente para o meio da rua e foi apanhado por um carro que vinha a alta velocidade. Ele não havia percebido o carro, apesar do barulho, nem o havia visto porque enquanto corria só olhava para trás.

Em poucos minutos, a avenida que antes estava deserta, agora se entupia de gente, curiosos diversos que vinham servir de platéia para o ocorrido. Ele morreu a caminho do hospital.