Rastro de sangue
Ajeitou a gola da camisa, borrifou o perfume fortíssimo, tirou o pente do bolso de trás e correu nos cabelos. Conferiu a carteira e confirmou que naquela noite ninguém era mais foda que ele.
Chegou no forró e foi sorrindo para todas, pagando a rodada, tirando uma e outra para dançar.
Foi quando viu uma morena sozinha, jeito de menina, olhar de onça no cio. Chegou e se apresentou. Chamou-a para o centro do salão.
A moça falou que tinha um namorado e ele apenas respondeu que não haveria problema, e que não era nem um pouco ciumento.
Dançou, beijou, apalpou...a mocinha faceira disse que precisava ir ao banheiro, e ele saiu do meio do "frevo" para tomar um ar e fumar um cigarro.
Alguém se aproximou pedindo fogo, tirou o isqueiro e quando deu por si, a lâmina da peixeira já havia cavucado o fundo do abdomen, e as tripas teimavam em tentar pular para fora. Segurou com as duas mãos e tentou correr, conseguiu cem metros, caiu no fim de um rastro de sangue que ainda enfeita o salão.