POIÉSIS

Eu estava em casa, tranquilo, aboletado num cantinho do sofá, curtindo a música macia da voz de meu caçula, a sapecagem do outro, um ventinho ameno de início de noite, o peixe no aquário, a presença sempre serena da musa, o ladrar sempre impaciente do cachorro, o alarido das crianças vizinhas, o meu time a perder, Ney a depositar filigranas de prazer ultrassensorial em meus ouvidos, o bolo de chocolate, o café inundando desde a cozinha, Kurosawa a infestar-me de cor e sensibilidade, quando...

...um poema surgiu em mim.

E foi-se-me embora o sossego!