O IMPOSSÍVEL HOMEM DE GAZA
Estavam a construir um muro na faixa de Gaza a fim de afiançar que a paz entre palestinos e judeus estaria garantida.
Em certa altura da obra, foi encontrado um corpo perpendicular à linha da construção, cujos pés do esqueleto encontravam-se de um lado e a cabeça do outro.
Impossibilitados de saber se o corpo pertencia a um devoto do Alcoorão ou a um seguidor da Torá, os empreiteiros decidiram naquele mesmo dia abandonar a obra até que um biólogo ou religioso decidisse a que povo pertencia aquele cadáver.
Tentaram erguer um muro e foram empedidos por um morto nem palestino, nem judeu, meio palestino, meio judeu. E, mesmo assim, não se aperceberam que a esperança de paz não se encontra em uma divisória de alvenaria, mas na dúvida que jamais deveria ser respondida, que os tornaria irmãos.
Certamente, Adonai e Alá também não acolheram aquela pobre alma. E nenhuma outra. Eles querem apenas a guerra, não fazem distinção entre a língua em que oram aqueles que assassinam.