A ferida essencial.

Sentiu o abraço gelado da solidão.

Os lençóis brancos tingiram-se com o sangue da ferida aberta.

Era a ferida essencial, o alicerce medonho sobre o qual jaziam todos os seus sentimentos, emoções e vivências.

Ali ficaria para sempre, o alicerce que não pode ser removido. Presa ficava a alma naquela ferida. Tanto mais sangrava quanto mais tentava arrancá-la de sua vida.

Acostumou. E por acostumar libertou-se.

As pessoas temem o que desconhecem. Volitando entre luzes e sombras, já nada temia.

Livre tornou-se.

Estranha liberdade.

Concebida fora no medo e na solidão. De lágrimas e risos alimentara-se.

Era a liberdade dos que já nada temem porque muito lhes fora tirado.

Os excluídos, os desgraçados.

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 02/10/2010
Reeditado em 08/05/2021
Código do texto: T2534053
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