Na arte do improviso...

Na arte do improviso eu estendo dois colchões no chão do meu quarto e os uno: eu tenho uma cama de casal. Logo em seguida, a minha namorada deita sobre eles, a cubro com o meu cobertor surrado de sonos perdidos e, sem delongas bocejadas, ela adormece: ao meu lado eu assisto dormir a mulher com quem eu sempre sonhei em me dividir. No entanto, enquanto ela sonha, eu, insone, levanto, ligo o computador, suspiro um pouco e começo a redigir tudo o que me convém ser cuspido nesta tela luminosa, cujo reflexo de sua luz mora, durante todas as madrugadas longas das minhas noites mal dormidas, nas lentes dos meus óculos fora de moda: eu, indubitavelmente, sou um poeta.

NietzscheCywisnki
Enviado por NietzscheCywisnki em 06/11/2011
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T3319844