Tentação

Na bela igreja de uma cidadezinha do interior, desenrolava-se uma missa comemorativa ao aniversário da escola das irmãs. O nome da escola era grande e pomposo, mas todos a conheciam como a escola das irmãs. As religiosas se impunham como professoras dedicadas... e bastante severas. E, naquela manhã de outono, a ordem era participar da solene celebração da missa.

A cerimônia começava quando algum aluno, ou mais provavelmente, alguma aluna, se virou para trás e divisou lá no alto, na parte reservada ao coro, duas cabeças. Outros se voltaram, curiosos. A atividade chamou a atenção das irmãs, que lançaram olhares investigativos para trás. Lá em cima, afoitamente, duas meninas ousavam mostrar as suas caras! A madre fuzilou-as com o olhar. Silenciosamente, ambas desceram, devagar, contando os passos para não cair da escada.

A maior, que tinha sido a autora da ideia, não se abalou muito com a séria advertência que sofreu: inclusive os pais foram chamados. Quanto à menor, uma menina tímida que se distinguia pelo amor aos estudos, sua atitude foi minimizada pelas irmãs: concluíram que deveria ter sido cooptada pela colega ‘rebelde’. A pequena se roeu de vergonha por ter cometido um 'ato proibido.'