Apartamento 504.

TUM, TUM, TUM, TUM!!!

Edgar acordou assustado. Já fazia uma semana que o vizinho do apartamento acima o acordava as 05:00h. Era caminhando com os pés descalços, arrastando móveis e as vezes até correndo pelos os cômodos.

Ele tentara manter a paciência por todos esses dias, mas agora já passava dos limites. Levantou-se apressado, jogando o cobertor para o lado. Fez sua higiêne, tomou um banho, bebeu seu café e esperou.

TUM, TUM, TUM, TUM!!!

Edgar subiu as escadas que levava ao pavimento superior e apertou a campainha do 504. Ninguém atendeu. Apertou novamente e nada. Bateu na porta com raiva e lá dentro era só silêncio. "Devem ter se tocado", pensou. Desceu as escadas e voltou ao seu apartamento.

TUM, TUM, TUM, TUM!!!

Puto da vida, o jovem rapaz saiu batendo a porta e foi até o 302, onde morava a sindica.

- Bom dia, sr. Edgar, tudo bem?

- Nada bem, dona Maria. Já faz uma semana que aquele vizinho sem noção do 504 fica batendo os pés na minha cabeça, arrastando móveis e correndo! Não aguento mais. Fui até lá falar com ele, mas ninguém atende. A senhora precisa fazer algo!

A cara da dona Maria não demonstrava nada além de puro pânico. Após alguns segundos, ela conseguiu recuperar a fala e disse.

- O senhor não sabe, sr. Edgar?

- Não sei o que?

- O dono do apartamento 504, o senhor Odair, faleceu tem mais de um ano! Aliais, se bem me lembro, hoje está fazendo um ano de sua morte.

Edgar, agora tão assustado quanto dona Maria, juntou forças para perguntar.

- Ele morreu do... do... que, dona Maria?

A velha respirou fundo, se apoiou no batente da porta e respondeu.

- Foi assassinado. Um tiro à queima roupa no meio da testa. Quem o matou foi o senhor Josivaldo, que morava no apartamento que hoje é do senhor. Quando a polícia o prendeu, ele apenas dizia alucinado "Ele não parava de bater os pés, arrastar móveis e correr pelos os cômodos!".