Hora de dançar

- Dança comigo? Ela sorriu, os dentes falhos à mostra, a boca pintada de vermelho forte, os contornos não muito bem respeitados, e, sorrindo, estendeu os braços, tentando alcançá-lo. Um momento que durou bastante, tanto para ele, que a fixou bastante surpreso, tanto para ela, que mantinha o olhar determinado. No meio da sala, homens e mulheres ensaiavam passos, encantados com a música alta e vibrante. O instante relativamente longo, para ambos, foi interrompido pelo enfermeiro, que deu um passo na direção dela, e, quando ela se levantou da cadeira, enlaçou-a. “Claro, vovó.” E aquela velhinha do asilo, reencontrando a sua mobilidade, rodopiou nos braços do charmoso enfermeiro que há algum tempo se dedicava à casa de idosos.