O astro

Idas e vindas, ora o pai, ora a mãe. Ou a casa dos avós, permanente refúgio. Em uma noite em que fantasmas pareciam vagar pelo quarto, o garoto Mauro gritou pela avó. Chorando, resmungou os seus medos. – Mas, tu não estás sozinho – sussurrou ela. Rapidamente, apagou a luz que acabara de acender. – Deixa a luz acesa, vovó. Ela se dirigiu à janela e puxou levemente a cortina. Uma nesga de luar penetrou quarto adentro.

– Chega aqui, meu filho. Quero te mostrar uma coisa.

Enquanto ele se levantava, ela abria mais o vão pelo qual se introduzia o raio de luz. – Olha para cima, querido, olha bem! Mauro se espichou para ver. Até que a encontrou, uma lua redonda e brilhante. – Viste quem está te acompanhando? – Mas ela está sempre lá, vovó? – Está à noite, mas nem sempre pode ser vista, pode estar escondida nas nuvens, pode estar muito longe de nós, só mostrando um pedacinho. Mas, hoje ela veio ficar contigo. Agora, vamos deitar?

O menino concordou. A vó ajeitou a coberta, deu-lhe um beijo e, então, ele perguntou: – A lua vai ficar comigo? – Sim, podes dormir descansado, ela vai te cuidar. Devagarinho, ela deixou o quarto, enquanto o via fixar deslumbrado aquele quinhão de luar que era todo seu.

Observação: Exercício criativo, proposto em sarau literário, que exigia a elaboração de um texto com tema relacionado à palavra "astro".