O sonho

Ainda no seu interior, no ponto mais profundo, acalentava sonhos.

Sonhos que se faziam, alguns, muito antigos. Sonhos que vinham à tona e, depois de um tempo, imergiam novamente.

Alguns mantinham-se adormecidos. Outros, mostravam a cara de vez em quando. Mas havia os que teimavam em viver na superfície, partes integrantes da sua realidade.

Um deles acompanhava-a nos últimos dias, premente. Sabia onde estavam os blocos com as anotações, as folhas com trechos já delineados, todo o suporte de que precisava para unir os pontos e potencializar aquele sonho, dos mais antigos, o que tomava conta da sua mente.

Naquela manhã, depois da noite intranquila, em que teve dificuldade para respirar, a filha conduziu-a ao hospital. Prometeu a seu sonho que voltaria, por mais dura e complicada que lhe parecesse a vida. E, entre a tensão e uma ponta de esperança, partiu para o desconhecido.