Uma questão de opção

Biópsia ou pomada?

Tentou pensar rápido, mas não era o seu feitio. Gostava de virar e revirar a questão, antes de se pronunciar. Ocupou o espaço que se alongava com pedidos de maiores explicações.

Terminou optando pela pomada, durante um mês. Pareceu-lhe mais simples, menos invasivo. Afinal, não dera maior importância àquela reles feridinha que se instalara perto do cotovelo esquerdo. Preocupavam-na os sinais que se espalhavam por todos os cantos do corpo.

Um mês depois, a feridinha não parecia retroceder, pelo contrário, crescera e adquirira umas pontas, como se fosse uma estrela. Bem irregular, é verdade, mas com ares de estrela.

Foi então que se assustou. Correu a fazer a biópsia, mas enfrentou dificuldades devido à pandemia. A médica indicou-lhe uma clínica, que marcou o procedimento para duas semanas depois, mas só foi realizá-lo bem mais adiante.

Quando finalmente veio o resultado, o tumor já havia desenvolvido raízes. Ela arrependeu-se barbaramente de sua opção primeira. E adentrou o hospital, para fazer cirurgia, muito desanimada. Faleceu uns dias depois.