Amores Brutos #4
Pela manhã a TV ainda estava ligada no canal pornô, muda e ainda assim vibrante. Pelo menos 5 preservativos usados aguardavam em sua viscosidade nojenta espalhados pelo chão, e faziam o quarto inteiro cheirar a sexo, acompanhadas garrafinhas de vodka e bourbon. A cama parecia um turbilhão de pano e pedaços de travesseiro, de colchão rasgado e tudo mais. A água da banheira estava fria e eu percebi que estava todo enrugado.
Ela estava ali, encostada em mim, mais bonita do que nunca, e também mais enrugada do que quando fosse ter 90 anos. Eu passei a mão delicadamente em seu cabelo molhado, e beijei sua testa. Ela abriu os olhos para e mim e disse “Te amo”.
Eu sabia que era mentira, claro que era mentira. Me amar fazia parte de um jogo perigoso, de uma disputa de egos, de traições e de todas as outras coisas que faziam de mim aquilo que eu era. Mas eu acreditei mesmo assim.
Acredito até hoje, e ainda não houve alguém para desmentir.