(Hull de La Fuente)
Cap. V
Apressei-me a desfazer o mal entendido e informei -os que eu era brasileira. Repentinamente o interesse por mim desapareceu. Os espanhóis me cumprimentaram com reserva e se encaminharam para a entrada do palácio, não estranhei. Afinal os europeus têm reações imprevisíveis frente aos latino-americanos. Logo esqueci o fato. Eu estava ali apenas para dançar valsa. Olhei mais uma vez o rosto do meu par. Friedrick era realmente muito bonito. Senti o rubor voltar ao rosto ao ver que ele também me observava.
A multidão de dançarinos se movimentava por entre as salas do palácio, em direção ao salão. Friedrick ofereceu-me o braço e seguimos as outras pessoas.
A decoração de todo o palácio era suntuosa. Em volta da pista de dança, havia centenas de pequenas mesas redondas todas cobertas com toalhas belíssimas, sobrepostas em tamanhos diferentes, eram de tecido brocado e realçado com fios dourados. As cadeiras eram maravilhosas, jacarandá trabalhado com almofadas de veludo vermelho, presas à madeira com tachas douradas. Sobre cada mesa um pequeno arranjo de flor natural. Um balde de prata e, dentro, uma garrafa de champanhe e taças de cristal. Do teto ricamente esculpido e realçado por lindos afrescos, pendiam lustres luxuosos do mais puro cristal.
Achei o salão mais bonito e muitas vezes maior do que o Salão dos Espelhos, no palácio de Versailles. À minha volta só havia beleza. No mezanino, a direita do salão, estavam localizados a orquestra e o coral. Friedrick conduziu-me a uma mesa de frente para a orquestra e o coral. O regente da orquestra anunciou o início do baile, e em questão de segundos foi retirado o galão dourado que impedia o acesso à pista de dança.
Continua...