Os Meninos do Brasil

A história já podia ser diferente, mas naquela noite era comum.E sob a noite escura e gelida dois meninos seguiam pelo caminho ajuntando latinhas de cerveja.A poucos momentos da hora morta, cansados e com fome avistaram uma imensa lixeira.Correram para lá como se estivessem no Saara a procura de um Oasis.Sobre o lixo se jogaram, como se aquilo fosse uma cama dentro de um lar feliz.E entre risos infantis e a ignorância servil começaram a revirar as sacolas plasticas.

Dado momento encontraram restos de alimentos, improprios ao consumo, mas os meninos sem se importar começaram a comer.

Comendo conversavam e comiam e lambusados riam a valer.

Ao redor o mundo não mudava, as luzes continuavam acesas e o relogio marcava o tempo.Carros e pessoas passavam, todos olhavam, todos passavam e muitos caminhando de cabeça baixa nem diziam nada.

Saciados da fome começaram a contar um pro outro as aventuras do dia-a-dia, os seus roubos, os seus furtos, as suas prisões e as suas violências.Quando depararam com um senhor, um trabalhador, que estava esperando o ônibus para voltar a sua casa.Sorrateiramente entreolharam-se e se aproximando com aquela cara de anjo pediram uma informação.O senhor, apesar de desconfiado, de pronto a forneceu.E no que fizeram que seguiam o caminho, de repente, voltaram armados com faca e revolver em punho gritando ofensivamente contra aquele trabalhador até ali imóvel, pelo susto, pego de surpresa.

Refeito aos poucos o trabalhador tentou conversar,mas não conseguiu com os seus argumentos mudar a situação.Pelo contrario ficou até pior, pois um dos meninos puxou o gatilho e atirou sem intenção de matar.

O trabalhador aos poucos foi desfalecendo, escorando o seu corpo decrepto no banco da parada até rolar sem sentido no chão frio e imundo.

Os meninos ouvindo os últimos suspiros pegaram a carteira com vale transporte, um relogio e um celulr sem bateria e seguiram livremente pela rua da selva.

Do outro lado da rua havia um bar, onde muitas pessoas bebiam, onde muitas pessoas comiam e dançavam.Quando ouvira o tiro continuaram suas vidas e só foram prestar socorro quando o velho trabalhador já era finado.

Noutro dia o jornal falava de Copa do Mundo, pois o Brasil acabara de perder,mas o carnaval estava na porta e a cidadania mais uma vez ficava na Constituição hipócrita.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 01/07/2008
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