E hoje, só pra variar, eu acordei querendo você.

Longo e demorado, mais um sábado chato pra coleção de sábados chatos. A TV com seu objetivo tão simples de entreter acaba me enchendo de tédio. Internet, msn, orkut e todo o resto são coisas tão presumíveis, tão usuais, tão diárias, tão cansativas, tão... Chatas. Hoje tem uma festa das que eu costumo freqüentar. Uma festa idiota, cheia de gente chata e ex-amores idiotas. Eu hoje não tô com saco pra esse tipo de balada cheia de adolescentes querendo engolir o mundo inteiro de uma vez, eu hoje não tô com paciência ou pique suficiente pra passar a noite dançando e gritando e suando e curtindo e ouvindo musica medíocre com pessoas medíocres. Hoje eu acordei madura, seletiva e super chata. Eu hoje queria tanto ele aqui nem que fosse pra ficar reparando nos meus quilos a mais e corrigindo os meus erros de português. Eu queria tanto ele aqui pra dizer que não liga quando eu fico rindo das musicas do mp3 dele e que é besteira discutir musica comigo por que a minha preferência musical se resume a forró, pra dizer que a viciada e vadia do livro que ele está lendo lembra muito a mim, que odeia o vermelho que eu vivo pintando na minha unha, pra me chamar de preta, pra implicar como sempre e depois rir de tudo. Por que ele é assim, diz que eu sou a pessoa mais chata e irritante do mundo, mas morre de rir com as minhas piadinhas sem graça. E não é que eu esteja triste, mas eu estaria muito mais feliz se ele estivesse aqui. E ainda dá tempo ele se inspirar, vir até aqui, tocar a campainha e me olhar e me chamar por uma das únicas palavras em francês que ele sabe “mon noir”. Que não minha querida, meu amor, mas é minha preta. Por que nada, nem ninguém me fariam tão bem quanto ele hoje.

Daqui a uns minutos, quando eu levantar dessa cadeira eu vou tomar um banho demorado com todos os cheiros, esfoliantes e frescuras que eu tenho direito. Dar uma volta por aí, esperar que o melhor aconteça e quem sabe dormir em paz.