VISITA A JOÃO FERREIRA

(Jequitinhonha)

Sol estridente, céu bem azul, nenhuma nuvem.

Ar vibrando sobre as rochas negras do Jequitinhonha.

Poeiras levantando das estradas de chão batido, poeira branca, poeira vermelha, poeira, sol e calor do Alto São Francisco.

Nesse cenário, nessa linda e rica região do Nordeste mineiro, que encontramos a casa da família de seu João Ferreira e dona Maria.

Uma casa grande e simples, feita de pau-a-pique, escondida naquela encosta cheia de vida da caatinga mineira.

Um caminho tímido e desajeitado saía da estrada principal e ia à direção da casa branca de seu João Ferreira, uma residência meio escondida no bosque que chegava até á Cachoeira das Antas.

Uma cachoeira com um fio de água.

O carro mal cabia em certos trechos do trilho que passava por entre precipícios, subidas bruscas e pequenos córregos, até chegar no terreiro daquela residência.

Nesta travessia, fomos recepcionados pelo tamanduá bandeira, pela rolinha da caatinga e tantos outros animais, sem contar o som contagiante e hipnotizador do guizo da cascavel.

Ao chegarmos, avistamos em pé no meio do terreiro seu João, meio desconfiado, olhando fixamente em nossa direção.

Paramos o carro frente a uma porteira de arame que dava acesso ao terreiro de laje natural.

Seu João começou lentamente a caminhar em nossa direção, com um canivete balançando na cintura, chapéu de palha meio torto na cabeça, cavanhaque ralo e mal feito e um cigarro de palha quase terminado nas mãos.

Descemos do veículo e o cumprimentamos. Ele respondeu com sinceridade: “- Tarde!”

Identificamos dizendo que éramos missionários e ele nos acolheu dizendo: “- Vamos entrá, tomá um café com biscoito e prosiá.”

Entramos na sala daquela casa e a tarde foi caminhando por aquele cerradão do Jequitinhonha.

Seu João ia contando as mais belas e supersticiosas histórias.

Ele que dizia ter nascido, vivido e que morreria por ali.

Ao despedirmos para retornarmos, ele disse:

“- vão com Deus, e vorti sempre!”

É isso!

Acácio