Amigos: "páginas do livro da vida"

Um velho escritor professor, famoso em todo o mundo por suas obras, já no final de sua vida, em seu leito, disse a um de seus alunos:

- Afinal, concluí o maior e mais importante dos meus livros. E mostrou-lhe o grosso e pesado livro.

Ao verificar o conteúdo do livro, o aluno mostrou-se surpreso:

- Mas, mestre, o senhor não pretende publicar esse livro, não é?!! Nem com autobiografia ele se parece... Não fará sucesso, como os outros... Por que ele só tem nomes de pessoas e assinaturas?

Então, o velho escritor, com um olhar carinhoso, respondeu:

- Meu caro, de que serve a fama, o dinheiro, o sucesso, para que serve tudo isso, se não se tem alguém com quem se possa partilhar a vida?

Cada página desse livro – continuou o velho – busca exprimir, um a um, os minutos preciosos de minha vida: sonhos, poesias, lágrimas, sorrisos, ilusões, erros e acertos, fantasias...ah, utopia!

O jovem permanecia perplexo, não entendendo ainda o que o professor lhe dizia. Todavia, antes que o rapaz manifestasse uma só palavra, o escritor concluiu:

- Cada linha deste livro corresponde a um amigo, o que, para mim, é como um dia de minha vida. Por isso o livro é volumoso: foi cultivando velhas e novas amizades que fui colhendo compaixão, generosidade, consolo, alegrias e tristezas, sonhos e realizações, enfim, tudo o que hoje possuo. Eu não seria nada do que sou sem a ajuda de cada um de meus amigos...

Eram palavras tão sábias, tanta emoção que o velho professor expressava ao explicar-lhe o “porquê” do livro de nomes e assinaturas, que o aluno encheu-se de admiração. Mais surpreso e extasiado ficou quando o mestre lhe falou:

- Amigo, assine agora o livro.

O rapaz, num misto de incredulidade e enlevo por ter sido chamado de “amigo” pelo professor, pegou uma caneta. Porém, notando que seu nome completo figurava na última linha do livro, perguntou ao velho:

-Por que não há mais linhas nem nomes depois do meu?

A generosidade estampava-se no olhar do velho mestre enquanto explicava:

- Você será meu derradeiro amigo, pois o livro está terminado. Deixei você por último porque sei que, como bom aluno que foi e, principalmente, pela sua boa-vontade e bom coração, certamente escreverá um livro similar ao meu, ou até melhor que ele. Agora, assine!

O rapaz, ao assinar o livro, comentava:

- Com muito prazer, amigo!

O velho, então, sorriu e profetizou:

Seja feliz, amigo! Quanto a mim, fui