A Carta

Um homem já com cabelos brancos desce pausadamente as escadas de um porão segurando uma vela. Seu folêgo é curto, mas ele segue a diante.

Abre uma caixa que estara no canto e - com mãos trêmulas - retira de dentro um embrulho.

Vai então em direção ao seu quarto, sentando-se na cama.

Antes de abrir aquele embrulho ele não contém as lágrimas e chora.

Dentro está uma foto preto e branca de uma jovem, uma linda jovem, junto com a foto uma carta, já manchada por lágrimas passadas.

Ele então torna a ler aquela carta, carta no qual já havia lido inumeras vezes, esta dizia assim:

"Para meu verdadeiro amor.

Querido,

Sei que é hora de me despedir.

Não queria admitir, mas sei que terei que lhe deixar,

assim deseja o Criador.

Quero que saiba que me fez a mulher mais feliz,

Obrigada por cada gesto de amor,

por cada sorriso e por cada lágrima que derramaste junto a mim.

Nestes anos de agonia, em que lutei tanto contra está doença eu lhe agradeço por sua fidelidade, pelo seu carinho, e seu amor incondicional.

Tudo foi único e verdadeiro, tudo suportamos.

Peço-te que não deixe a saudade lhe consumir.

E quando minha falta sentir, leia esta carta, sabendo que estarei aí, ao seu lado.

Então, substitua momentos de tristeza por momentos de alegrias.

Te carrego cá dentro, em meu coração".

Após ler a carta, aquele velho homem refaz o embrulho, desta vez com um rosto sereno.

Desce novamente as escadas do porão e guarda aquele embrulho na mesma caixa.

Este dia seria mais um aniversário de sua esposa se esta não tivesse partido por causa de uma rara e letal doença. Ele queria tê-la perto de si.

Pode então sentir uma leve brisa em seu rosto: um beijo de ternura.

Samuel Ramos
Enviado por Samuel Ramos em 18/10/2008
Código do texto: T1235867
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