A LINHA DA CIGANA

Pela estrada vinham eles, metidos em carroças, com crianças e artefatos.

À frente vinham os irmãos Lucas e Nilo.

Seguiam orgulhosos, como se seus corpos fortes pudessem proteger toda nação cigana que vinha atrás.

Larissa seguia na primeira carroça segurando a pequena filha no colo, esta quietinha olhava com seus olhinhos negros e miúdos a mãe.

Em certo ponto da estrada avistaram uma mulher andando, seus trajes em farrapos e uma criança nos braços.

Ao avistar a caravana que se aproximava correu em direção a eles.

- Parem! Implorou ela. Confundida com o sangue que caia de seu corpo sobre a pequena criança.

- O que quer mulher do povo? Perguntou Nilo parando a caravana.

- Ajudem-me, por favor, peguem minha pequenina, cuidem dela, eu lhes imploro.

- Porque cuidaríamos de sua filha, que mãe é você? Perguntou o cigano.

A mulher abaixou a cabeça como se estivesse pensando, em seguida olhou para a cigana Larissa e disse:

- Porque respeitam suas mulheres e elas também têm filhos.

Nilo olhou para Lucas que vendo os olhos de Larissa com lágrimas disse:

- Temos nossas crianças.

- Mas minha pequena não tem ninguém.

Larissa entregou a filha para que outra cigana segurasse, desceu da carroça e se aproximou da mulher.

A princípio sentiu pena da mulher, estava machucada com cortes e arranhões, alguns cortes sangravam e sujavam a roupa da criança.

- O que houve contigo mulher do povo. Perguntou a cigana

- Caí em pecado. Meu marido não é o pai da pequenina, jurou nos matar, então eu fugi.

- Traíste então e agora o fardo é grande para carregá-lo.

- Estou arrependida, se eu voltar sem a criança, talvez ele me aceite.

- Poderá estar entregando a alma que a faria feliz.

- Eu a entrego para a liberdade.

Larissa perguntou:

- Filha de quem é esta pequena?

- Filha de um cigano que passou por estas bandas e me enfeitiçou.

- Deixou-se apaixonar? Tola..., Um cigano jamais assumiria uma casa, mulher e filha.

- Como se chama esta pequena? Perguntou Larissa acariciando os cabelos da criança.

- Chama-se Raquel.

Seu pai era Lívio e eu me chamo Clara.

Larissa olhou para Nilo e os olhos do marido aprovavam a decisão que ela iria tomar. Então disse:

- Raquel então será filha minha e de Nilo, irmã de Dalila e Milena, minhas filhas e irmã de Josias, meu filho.

Preste atenção mulher disse Lucas. Ela não será mais filha de Clara e Lívio. Será filha de Larissa e de meu amigo Nilo.

- Que seja disse a mulher entregando a criança e virando-se pronta para correr.

- Mulher. Chamou Larissa

A mulher parou e esperou.

- Não se entrega um filho a ninguém, não se dá filho para recuperar marido, homens existem em toda a parte, os filhos são parte de nós. Estão ligados para sempre. O que acontecerá a Raquel, sentirá a falta da mãe, ainda que esta já esteja morta.

Clara virou-se e correu pela estrada sem olhar para trás.

Nilo e Lucas desceram dos cavalos e se aproximaram da criança.

- Lucas, minha esposa acaba de pegar uma cria. O que ele diria? Perguntou Nilo.

- Diria que sim. Disse Lucas sorrindo. Eu autorizo

- Farias isto por teu amigo?

- Somos quase irmãos e a pequena faz parte de nossas crianças agora.

- Que assim seja. Então vamos seguir viagem?

Assumira tudo após a morte do pai, mas Nilo era seu grande conselheiro, tinham filhos da mesma idade e amavam-se como irmãos.

Lucas casou-se com Iratriz e tinha com ela quatro filhos homens e duas meninas.

Mauro que era o mais velho, em seguida vinham, Michel, Marcos e Marcelo. As pequenas Livi e Laureny.

Mauro contava com sete anos, Michel tinha dois anos, Marcos e Marcelo eram gêmeos, ainda bebes.

As meninas ainda pequenas contavam quatro anos e eram gêmeas também.

Ao avistarem uma clareira Lucas ordenou que parassem para passar a noite.

As carroças iam parando e as ciganas saindo com as crianças para esticarem as pernas, depois da longa jornada.

Os homens rapidamente iam montando as tendas.

A noite caiu e já estavam todos instalados, a fogueira acesa, musica e dança para todos.

Nilo estava sentado junto à fogueira comendo um pedaço de carne, Lucas que estava tocando violino cansou, deixou a agitação e veio se sentar com o amigo e já chegou perguntando ao novo pai:

- Raquel se casará com quem Nilo? Para quem vamos prometê-la? Perguntou o chefe com ar preocupado.

- A ninguém respondeu Nilo, como se visse o destino da nova filha à sua frente.

- Todas as nossas mulheres tem o seu destino escrito desde o dia que nascem.

- Pensaremos no que fazer está bem? Disse Nilo.

- Então assim será companheiro.

CAPÍTULO II

Os anos passavam rapidamente.

Mauro andava a cavalo e chegou à tenda do pai.

- Pai grande..

- Sim, Mauro.

- Michel está na cidade, rodeado de mulheres, bêbado e delirante.

- O que espera que eu faça? Disse Lucas

- Cansei-me de atentá-lo as responsabilidades. Vive nestes locais, envolvendo-se com mulheres de homens alheios. Morrerá em uma emboscada.

- Não diga isso. Gritou Lucas

- Cansei-me de Michel e de ver o senhor defendê-lo e mamãe chorar. Cansei de ver a beleza de Dalila esperar por ele.

- O que está falando? Perguntou Lucas irado. Cobiça a mulher de teu irmão?

- Eu a amo, pai. Eu a faria feliz. Ele é um vagabundo que a de Ter o que merece.

Lucas levantou-se irado e esbofeteou o filho com força.

- Nunca mais fale comigo, volte para o teu canto com Íris e contente-se com o que tem.

O rapaz inconformado disse:

- Sou um homem correto, nunca o desrespeitei e me pune. Michel é aventureiro e irresponsável e o defende? Nunca lhe dei um desgosto.

- Acaba de me dar um, Michel é meu filho, é muito novo.

- É um nada. Gritou Mauro saindo nervoso.

Dalila deitada conversava com Raquel na tenda.

- Entendo agora Dalila porque meu pai nunca me prometeu a ninguém. Para não me ver pelos cantos a chorar como você.

- Se isto é amor, sofro sim disse ela.

- Não percebe que este amor a matará?

- Sei que sim, mas eu tenho certeza que Michel gosta de mim do jeito dele.

- É um aventureiro, não trabalha, não ajuda ninguém, nada faz.

- Dalila olhou para Raquel com lagrimas nos olhos, sabia que Michel era tudo isso que falavam, então disse:

- Sem que eu abra as cartas, sei do destino de Michel.

- É ao seu lado? Perguntou Raquel balançando os cabelos dourados.

- Sim. Para todo e sempre.

- Pegue as cartas Dalila, abra para ele.

- É tarde.

- Vamos abra, é a melhor de todas, nunca erra. Lê nossas mãos e não falha.

- É que nunca vi nada de ruim em nenhum de nós.

- Tem razão Dalila. É bom demais. Então não custa nada abrir.

- Está bem, você venceu.

A jovem cigana de cabelos negros e cacheados abriu o baralho para Michel e em poucas palavras disse:

- Michel terá muito tempo para ser aventureiro. Muito pouco tempo para mudar e pouquinho tempo para agir.

O tempo que for outro homem mudará o futuro do nosso povo, e as pessoas o respeitarão sem nunca saberem quem ele foi.

É com ele que fica o lugar.

É ele quem assume o lugar do Pai Grande Lucas, disse ela um pouco pálida.

- E Mauro?

- Não sei. Disse a cigana saindo da tenda e caminhando rumo a tenda de Lucas.

- Pai Grande

- Dalila, minha jóia, mãe dos meus netos, senhora das mãos, dona das cartas, entre, fique a vontade.

- A jovem cigana entrou na tenda e sentou-se sobre umas almofadas.

- Tens a resposta da pergunta que te fiz há alguns anos, quando era ainda uma pequenina?

- Não Pai, mas tenho algo a dizer.

- Então fale.

- É Michel vosso sucessor. Depois dele tudo acaba, embora eu o veja falando a multidões e sendo respeitado por todos.

- Dalila que estava com o baralho nas mãos, abriu as cartas e continuou:

- Virão a ele necessitados e sem esperança pedirem conselhos e ele contará nossa história, nossa saga, nossas paixões.

Lucas ouviu a tudo em silencio e com o coração apertado, levantou-se e andou pela tenda pensativo, por fim falou:

Quer dizer que Mauro, meu filho a quem criei para tal, mais velho, mais responsável não tomará lugar algum?

- Michel sim, Mauro, não sei. Por isso Pai grande deve dizer algo a Michel.

- Adverti-lo?

- Não, apenas umas palavras. Entrarão em seus ouvidos, ele vai rir, mas na hora certa fluirão de vosso coração e farão a diferença.

Lucas sorriu.

- Amo Michel. É o filho que mais amo, não posso negar isto, mas sinto que ele precisa de tempo. Este tempo fará o seu destino. Quanto às palavras eu direi a ele.

- A cigana sorriu, levantou-se e o beijou. Virou-se para sair quando Lucas a chamou:

- Dalila, nunca abandone meu filho. Você é o pilar e ele só irá onde você estiver. Pressinto isso.

- Sei disso Pai Grande. Serei fiel a tua palavra e ao meu coração. Disse a jovem sorrindo.

CAPÍTULO III

Horas mais tarde o jovem cigano estava chegando e Dalila foi sorrindo ao seu encontro, ao ver o seu estado o sorriso sumiu.

- O que houve mulher? Você chorou? Perguntou embriagado, sabes que gosto de ti.

Mauro saiu da tenda ao ouvir as palavras altas de Michel e viu o seu estado de embriagues.

- Cheira a perfume barato disse Dalila.

- Mulheres disse ele rindo, mas nenhuma igual a ti.

- Pare com isso gritou Mauro saindo da tenda e vindo para cima do irmão.

- Que quer? Perguntou Michel sorrindo.

- Mauro foi para cima e o empurrou, Michel caiu.

- Pare por favor, não faça isso gritava Dalila tentando segurar Mauro.

Mauro desviou de Dalila e passou a chutar o irmão que estava caído.

Pare. Gritava Dalila. Pai Grande chamou.

Lucas saiu da carroça e puxou o filho pelo braço.

- Olhe o estado dele. Disse a cigana. Pare Mauro

- Ele a faz sofrer, gritava Mauro empurrando o pai e agredindo o irmão.

Íris saiu à porta e alguns ciganos vieram separá-los.

- Não a merece. Gritava Mauro. Você vai morrer logo.

Irado Lucas segurou Mauro e disse:

- Maldito, que volte contra ti o que pragueja para vosso irmão.

Mauro olhou o pai com profunda mágoa.

- Michel... Todos o protegem.

Íris se aproximou e pegou nas mãos do marido e o levou para a tenda.

Dalila foi ao socorro do jovem que sangrava.

- Não o limpe minha filha. Levem-no a minha tenda. Rose cuide dele pediu a uma velha cigana e vós Dalila vais dormir filha.

Pela manhã Michel acordou com a cabeça doendo, ao abrir os olhos deu-se com a figura de Lucas, seu pai.

- Pai. Disse o jovem

- Divertiu-se ontem ? perguntou sério o pai.

- Desculpe pai. Eu...

- Não foi o que perguntei, perguntei se divertiu-se ontem

Michel olhou para o pai envergonhado e respondeu:

- Sim muito.

- Está certo. Disse Lucas se levantando

- Onde vai pai? Porque perguntou? Não dirá nada.

- Quer me ouvir? Estou admirado.

- Sim pai, eu quero ouvir.

- Não direi nada. Nunca.

- Volte assim, quantas vezes quiser, deite-se com quantas quiser e divirta-se o tempo que quiser.

- É isso. Só isso.

- Mais uma, primeira e ultima vez, à anos que age assim e nada digo e a anos continua a fazer.

- Diga alguma coisa pai, o desprezo dói.

- Age assim para que eu o recrimine, mas não, não farei isto. No entanto lhe darei um conselho.

- Fale pai, estou ouvindo.

- A vida é curta. Curta demais e não somos eternos, ou aprendemos por bem, ou a vida nos ensina a sua maneira.

- Michel riu e disse:

- Sou jovem pai. Tenho 18 anos, falas como se eu fosse morrer.

- Estou indo para o trabalho Michel, durma bem para estar pronto para mais uma noite de bebida, mulher e diversão. Disse o pai sorrindo.

Michel não entendeu, mas sorriu.

- Quase me esqueço, tenho uma palavra a dizer em meio a isto tudo.

- E qual é pai?

- Dalila. Disse Lucas se retirando.

Michel ficou pensativo e adormeceu.

Dalila caminhava pelas margens do rio quando Marcelo e Marcos se aproximaram.

- O que querem? Ler as cartas, ler a mão?

A mão disse Marcelo.

A jovem cigana procurou uma pedra e se sentou, os jovens fizeram o mesmo e Marcelo estendeu as mãos para Dalila.

- Marcelo será o apoio ao chefe e Marcos está contigo nesta caminhada. Amam seu irmão Michel, não se casarão, não terão filhos, terão muito amor.

O jovem cigano retirou a mão rindo, meio sem jeito.

- E a minha? perguntou Marcos

- Ler a mão de Marcelo é ler a tua mão Marcos, disse Dalila sorrindo.

- Não quero mesmo casar. Disse Marcelo. Não que eu não ame Milena.

Dalila parou de sorrir e disse:

- Não se casará com minha irmã e você Marcos, livre como Raquel, também não o fará.

- E Tu Dalila?

- Estou casada a tempos.

- Cortará os pulsos diante de todos?

Dalila empalideceu e disse:

- Cortarei na hora do adeus. Não gosto de ler meu futuro.

- E porque? Perguntou Marcos.

- Porque tenho medo de não lutar, se eu souber a verdade.

- Mas, Dalila, todos que lê a mão ouvem o que querem ouvir.

- Eu sei, graças a Santa Sara.

- Os jovens se levantaram e Marcelo perguntou:

- Vais ficar Dalila.

- Sim, mais um pouco.

- Assim que os ciganos se afastaram Mauro aproximou-se

- Como vai Dali?

- Estou bem.

- Triste por ontem.?

- Não.

- Vim lhe pedir que vá a tenda e abra as cartas para mim.

- Nunca quis. Porque agora.

- Eu quero. Pediu ele

- Está bem, se você quer, você terá.

Os dois caminharam juntos de volta ao acampamento e Íris os viu passar, foi até Michel que subia no cavalo e disse:

- Veja. Estamos ficando para trás.

- Acha isto?

- Sim amigo, meu marido quer Dalila, e ela encontrará com ele o que não tem contigo.

Michel aproximou-se dos dois e olhou nos olhos de Dalila, não disse nada, açoitou o cavalo e quase atropelou o irmão.

Todos ficaram parados vendo o cigano se afastar a galope, ninguém disse nada.

Entraram na tenda e a jovem abriu as cartas.

-Cartas de conflito, misturadas a situações confusas.

As cartas eram tristes.

- O que houve? Perguntou Mauro

- As cartas recusam-se a dizer-lhe o que voce quer saber.

- Recusam? Até as cartas me recusam.

A cigana tentava manter a calma.

- Tente de novo.

- Não. Disse ela, não as desafie.

- Tem algo a me esconder Dali?

- Claro que não, só a vida pode conduzir-lhe.

- Então veja a minha mão. pediu sorrindo.

Ao ver a mão do cigano, a jovem empalideceu e tentou se controlar.

- O que está vendo?

- Bem, o que eu vejo é que não terá herdeiros..., Íris não vai querer.

- E o que mais? Fale Dalila.

- Perdoe-me, mas não sei, levantou-se e saiu

Dalila deixou a tenda e saiu correndo, lagrimas corriam de seus olhos. Uma mão sem destino, cartas sem caminho.

Estava arrasada, se afastou do acampamento e chorou sentada à beira do rio e já era noite quando retornou.

- Filha, chamou Larissa

- Sim mãe.

- Soube que Mauro saiu sem entender. O que houve filha? Lê as mãos como ninguém.

- Deus castigou-me

- Castigou?

- Sim mãe, por prever o futuro

- O que viu? Eu a ensinei e depois de ti percebi que o destino estava em tuas mãos, minha filha.

- Mauro não tem destino, nem caminhos mãe.

- Filha viu a morte, e isso?

- Sim..... Oh! Meu Deus.

- Seu nervosismo fez com que ele percebesse.

- Eu sei, recuso-me a ler qualquer coisa novamente

- Não desespere-se minha filha.

- E agora mãe?

- Tenha calma

- Nunca mais lerei cartas ou mãos. Nunca mais

- É o seu dom minha menina, não o futuro, mas os conselhos que pode dar.

- Vi o que nunca devia ver mãe.

Larissa a abraçou enquanto a cigana chorava.

- Acabou mãe.... não quero ler nunca mais em vida.

Michel chegou tarde ao acampamento e desta vez trouxe uma jovem, beijaram-se e foram para a tenda dele.

- E então cigano?

- Dolores és importante e linda.

- Meu marido não me diz isso.

- È casada?

- Sim, mas não importa.

- Corremos um grande perigo aqui, devias ter me contado.

- Vale a pena arriscar disse ela o beijando.

Já era madrugada quando o acampamento foi despertado por homens que chegavam gritando.

- Maldito cigano

Dolores rapidamente colocou suas roupas e Michel saiu da tenda para ver o que estava acontecendo.

- Onde está ela? Gritava o homem

Os ciganos, agora acordados foram se aproximando daquele grupo, Dalila tambem saiu de sua tenda.

- O homem continuava a gritar

- Onde está ela? Sei que está ai com você. A traidora

- Não há mulher alguma disse o Pai Grande, entre e veja com seus proprios olhos.

- Deixe-o entrar filho

- Não gritou Michel

- Dalila olhou para o cigano e algumas lagrimas cairam.

Se ela sair .... Dizia o homem

- Saía Dolores pediu o cigano

Dolores saiu em trajes íntimos, o marido a pegou pelo braço.

- Vais me pagar ingrata.

Todos os ciganos olhavam boquiabertos a cena

- A culpa foi minha. Disse Michel

- E você cigano, não te mato agora porque tens teu pai e eu o respeito, mas aguarde terás o que é seu. Disse o homem revoltado saindo com a mulher

Michel veio na direção de Dalila

- Dalila eu .....

- A jovem cigana deu as costas e se afastou, o pai dela se aproximou e disse:

- Não haverá mais casamento, cansei disto. Cansei.

Mauro olhava o irmão com ódio nos olhos, todos os ciganos se retiraram e os deixaram ali.

Lucas ia saindo e ele chamou

- Meu pai

- Fale filho

- Me perdoe

- Não direi nada meu filho. Nunca

Mauro acordou pela manhã e procurou Dalila. A jovem o recebeu com os olhos inchados de tanto chorar.

- O que precisar farei por ti

- Obrigado Mauro, estou bem. Perdoe-me por não Ter visto o teu destino.

- Tudo bem, mas Michel....

- Amo Michel, mas não sou um anjo, estou triste com ele, magoada.

- És linda e merece ser feliz.

- E Íris também disse a jovem se referindo a mulher dele.

- Amo você Dalila

- Amo Michel.

- É impossível, meus irmãos o amam mais que a mim, meu pai, você todos o amam e ele é tão errado.

- Mauro.... Além do que sentimos por ele, você sente ódio de Michel e quer vingar-se por algum motivo.

- Não

- Sim. Disse ela. Sabe de algo e recusa-se a me dizer.

- Esta bem Dalila, não quero mais esconder nada de você. Antes do meu casamento com Íris soube que ele já a tinha amado.

A jovem empalideceu

- Ele e Íris juntos.

- Sim, teve até minha mulher.

- Foi ela quem quis disse Dalila e você calou-se?

- Sim. Não quero matar a meu próprio irmão.

- Sábia decisão, Mauro, mas o odeia e o quer morto.

- Não Dalila. Gosto de Michel, mas não me sinto bem aqui. Eu pararia em qualquer cidade e viveria bem.

- Então pelo que entendi, não gosta de fazer parte do povo cigano?

Não

- E não fará um dia. Disse ela

Mauro pareceu não Ter ouvido as palavras da cigana e perguntou:

- E o casamento com meu irmão

- Não haverá casamento.

- Porque não lê o próprio destino? Não é porque tem medo?

- Não, não tenho medo, só não consigo vê-lo. As cartas se recusam e ao ver minha mão esqueço como se lê.

E não lerei futuro algum, nunca mais.

Mauro se levantou e abraçou a cigana.

- Tudo a de melhorar querida.

Era noite e pela primeira vez Michel estava no acampamento trabalhando em um tacho de cobre.

- Não vai sair Michel? Perguntou Raquel.

- Não. E Dalila?

- Não o quer mais. Passou dos limites amigo.

- Eu sei, mas ainda quero me casar com ela.

- Terá que provar que mudou a Nilo a ao povo.

- Não quero perdê-la Raquel

- Perdeu uma parte, embora ela o ame, existe uma coisa que nunca mais vai lhe entregar.

- E o que é?

- A confiança Michel, a confiança. É por isso que sou livre, danço, canto, vou às festas da cidade e todos me admiram, mas não me entrego a ninguém. Disse Raquel. E mais, se era isso que queria, não devia ter arrastado Dalila contigo.

- Tentarei mudar e Dalila me perdoará.

Não foi uma vez Michel, são quase cinco anos de traição, bebedeira e diversão. Precisará de mais de uma vida para que ela o perdoe.

- Raquel... Amo Dalila

- Talvez, disse a jovem saindo.

Os dias passavam tranqüilos no acampamento cigano, todos com seus afazeres, Michel não deixou o acampamento, procurava ser útil, estava mudado, poucos acreditavam na mudança.

Mauro voltava da cidade a cavalo, era ele quem negociava os artefatos que os ciganos faziam, de repente seu cavalo deu um pulo e ele distraído caiu.

Bateu a cabeça violentamente no chão, seus olhos escureceram por alguns segundos, quando a visão voltou estava frente a frente com ela.

Era uma cobra imensa que não lhe deu tempo para nada, tentou se levantar, mas a picada na perna não pode ser evitada.

Michel voltava do rio, havia ido buscar água, avistou o cavalo do irmão em disparada em direção ao acampamento, correu para a trilha que o cavalo vinha e avistou o irmão.

Correu em sua direção e ainda viu a cobra se afastando.

Ajoelhou-se junto ao irmão, levantou sua cabeça e perguntou:

- O que Houve Mauro, ela o picou?

- Estou morrendo Michel. Era muito venenosa.

Michel não sabia o que fazer tentou ajudá-lo a se levantar, mas Mauro não conseguia ficar de pé, o veneno estava agindo e minando suas forças.

Com muito esforço pegou o irmão ferido nos braços e rumou para o acampamento.

O corpo semi desfalecido de Mauro era pesado, Michel tirava forças não sabia de onde, seus pés já não tinham força para obedecer ao coração, o pensamento era um só. Precisava chegar ao acampamento e salvar o irmão.

A distancia do acampamento parecia não Ter fim, Michel chorava, queria fazer mais, mas o corpo cansado pelo esforço teimava em não obedecer, seus olhos foram escurecendo e Michel caiu com o irmão nos braços.

Lucas estava no acampamento e viu quando o cavalo de Mauro chegou em disparada. Alguma coisa havia acontecido com seu filho, rapidamente juntou alguns ciganos e cavalos e foram em busca de Mauro.

Não precisaram procurar muito, a uma centena de metros avistaram os dois irmãos caídos. Michel quase conseguira.

Mauro estava desfalecido e Michel estava reagindo Lucas e os ciganos ajudavam os irmãos.

- Uma cobra pai

- Vamos agir, gritou Lucas para os homens.

Mauro foi colocado em um cavalo e foram para o acampamento, a tentativa de tirar o veneno foi infrutífera, já fazia parte do sangue do cigano.

O cigano segurou no braço do pai e disse quase sussurrando:

- Amo-te meu pai

- Sensibilizado e abalado com medo de perder o filho Lucas chorou.

- Sempre o amei filho. Sempre.

- Os ciganos se aproximaram e Michel segurou nas mãos do irmão.

- Perdoe-me Mauro por Íris, por tudo, eu era um menino.

- Mauro ameaçou um sorriso e disse:

- Eu teria lhe roubado Dalila, se ela quisesse, Somos homens. Disse com dificuldade.

- Dalila aproximou-se afastou alguns ciganos e chegou até onde eles estavam.

Mauro avistou a cigana e disse:

- Dalila, você conhece o destino. Não deixe de ajudar as pessoas.

A cigana entre lágrimas fez que sim com a cabeça.

Mauro fechou os olhos e morreu nos braços de Michel.

A nação cigana sentiu a perda de seu companheiro, os irmãos choravam e Michel abraçado ao corpo sem vida do irmão também chorava.

Lucas abraçou os filhos e chorou como nunca.

Michel chorava e dizia ao pai:

- Se eu soubesse, se tivesse aprendido a ser cigano eu o teria socorrido a tempo.

- Não Michel, ele ia morrer disse Dalila. estava escrito e o golpe do destino foi uma cobra, não o salvaríamos.

Dalila abraçada à mãe chorava e Íris veio ao seu encontro.

- Seu homem está vivo, foi o meu que morreu.

A jovem cigana sentiu o sangue ferver e respondeu:

- Traidora, amiga maldita, Judas do povo, não a quero perto de mim.

- Eu e Michel fizemos o que queríamos, Michel e tantos outros que Mauro fechou os olhos. Anjinho perdoe-me disse Íris rindo.

Raquel surgiu na sua frente

- Nunca pise no chão onde estivermos, Eu e Dalila não teremos compaixão contigo.

- És livre Raquel

- Agora não mais. Ficarei com Dalila

- Então eu que sou livre agora.

- Maldita gritou Dalila indo para cima de Íris.

Raquel as separou e na manhã seguinte, Íris passou a evitá-las.

Alguém por favor me ajude, pedia Iratriz.

Dalila saiu, entrou em sua tenda e era sua mãe que tirava as cartas.

- O que faz mãe?

- Diga a Iratriz que elas encontraram o amor e se foram. Estão bem, onde não sei.

- E você minha filha, negas ajuda ao teu povo.

- Não nego

- Como não nega, se recusa a atender o povo na cidade, nosso alimento falta e de onde virá o ouro para comermos.

- Temos outras fontes.

- Dalila, não deves cobrar de tua família, mas você deve cobrar ao doar algo as pessoas. Precisamos do ouro deles para viver, para comer e de sua ajuda aqui para novos conselhos.

A jovem cigana ouviu a mãe em silencio e nada disse.

Michel mudara, era um verdadeiro chefe, preocupado com o bem estar de todos.

Suas farras e diversões se acabaram, tudo se fora.

Percebia que além de Dolores, a sua prometida sabia de alga mais além, Dalila havia mudado, o tratava com frieza, muito pouco conversavam.

Ao ver a cigana passando chamou-a e ela veio ao seu encontro.

- Dalila, podemos conversar?

- Diga. Disse ela

- Mudei por você, amo meu povo, hoje sou outro homem, luto, trabalho e ainda assim odeia-me.

- Amo-te, mas não confio em vós. Íris disse ela. Mulher de teu irmão, minha amiga antes de ti. Traidores é o que são.

- Não me perdoa?

- Se um dia eu perdoar, perdoarei a ti que és homem e mudou. Íris nunca. Ela é ruim. Recuso-me a estar com ela onde for, ainda que passe anos.

Larissa saiu à porta da tenda e chamou a filha Raquel.

A jovem cigana entrou na tenda

- Sim mãe. Ajude-me a tomar uma decisão.

- Diga... Milena e o irmão de Michel não se casarão.

- Não, Porque?

- Ele e ela não se amam, mal se olham. O que poderia eu fazer?

- Pergunte a ela mãe. Pergunte a sua filha.

- Ela vai partir com Isaís, querem se casar com outros ciganos de uma aldeia amiga, não sei o que fazer.

- Autorize mãe.

- Somos poucos agora, poucos jovens, Raquel, Dalila, Íris, Marcos, Marcelo e eu sem filhos. O que deixaremos para trás? Quem cuidará de nosso nome, quem perpetuará nossa raça?

Com a morte de Mauro, morreu um pedaço de Lucas, envelheceu e com o passar do tempo já perdia as forças.

Em uma noite de primavera. Três anos após a morte de Mauro, o Pai Grande chamou Michel e disse:

- Tome o que é teu, pegue quem é tua e cuide para sempre do povo que nasceu para ser teu.

Foi assim que Lucas o Pai Grande fechou os olhos para o mundo, e após três anos de boa índole, sem extravagâncias, o jovem cigano assumiu o poder.

CAPÍTULO V

Dalila andava apressada pelo acampamento quando avistou os dois irmãos de Michel.

-Aonde vão?

-Estamos indo buscar mantimentos na cidade, queres ir?

- Não, irei dançar esta noite.

A noite era linda, sobre um tablado Dalila bailava com Raquel e o povo jogava ouro para as jovens.

Quando a jovem desceu Michel veio ao seu encontro.

- Dalila, preciso de ajuda, minhas irmãs se foram.

- Se foram? Como?

- Abandonaram o acampamento e fugiram, minha mãe chora desesperada.

- Estou indo, disse Raquel e voltaram juntos para o acampamento.

Ao chegarem foram a tenda da mãe.

- Partiram chorava Iratriz, minhas filhas, partiram.

- Que horror, quer dizer que fugiram?

- Sim, elas não se consideravam ciganas, não eram daqui.

- Vou achá-las mãe. Disse Marcelo

- E você Dalila, o que viu nas cartas?

- Nada

- Não tiras mais cartas? Perguntou Marcelo

- Não, desde que vi a morte de Mauro, disse ela.

Alguém por favor me ajude, pedia Iratriz.

Dalila saiu, entrou em sua tenda e era sua mãe que tirava as cartas.

- O que faz mãe?

- Diga a Iratriz que elas encontraram o amor e se foram. Estão bem, onde não sei.

- E você minha filha, negas ajuda ao teu povo.

- Não nego

- Como não nega, se recusa a atender o povo na cidade, nosso alimento falta e de onde virá o ouro para comermos.

- Temos outras fontes.

- Dalila, não deves cobrar de tua família, mas você deve cobrar ao doar algo as pessoas. Precisamos do ouro deles para viver, para comer e de sua ajuda aqui para novos conselhos.

A jovem cigana ouviu a mãe em silencio e nada disse.

Michel mudara, era um verdadeiro chefe, preocupado com o bem estar de todos.

Suas farras e diversões se acabaram, tudo se fora.

Percebia que além de Dolores, a sua prometida sabia de alga mais além, Dalila havia mudado, o tratava com frieza, muito pouco conversavam.

Ao ver a cigana passando chamou-a e ela veio ao seu encontro.

- Dalila, podemos conversar?

- Diga. Disse ela

- Mudei por você, amo meu povo, hoje sou outro homem, luto, trabalho e ainda assim odeia-me.

- Amo-te, mas não confio em vós. Íris disse ela. Mulher de teu irmão, minha amiga antes de ti. Traidores é o que são.

- Não me perdoa?

- Se um dia eu perdoar, perdoarei a ti que és homem e mudou. Íris nunca. Ela é ruim. Recuso-me a estar com ela onde for, ainda que passe anos.

Larissa saiu à porta da tenda e chamou a filha Raquel.

A jovem cigana entrou na tenda

- Sim mãe. Ajude-me a tomar uma decisão.

- Diga... Milena e o irmão de Michel não se casarão.

- Não, Porque?

- Ele e ela não se amam, mal se olham. O que poderia eu fazer?

- Pergunte a ela mãe. Pergunte a sua filha.

- Ela vai partir com Isaís, querem se casar com outros ciganos de uma aldeia amiga, não sei o que fazer.

- Autorize mãe.

- Somos poucos agora, poucos jovens, Raquel, Dalila, Íris, Marcos, Marcelo e eu sem filhos. O que deixaremos para trás? Quem cuidará de nosso nome, quem perpetuará nossa raça?

- As pessoas que aqui estão não querem se casar e não são prometidas. Íris é viuva, Raquel livre, as ciganas de seus irmãos se foram e eles aceitaram. Este não é um povo cigano. Disse Iratriz

- Sim é mãe. Propomos a felicidade e não prometemos uns aos outros. Os poucos que aqui estão querem continuar a lutar, a trabalhar, a dançar, ler a sorte e ensinar tradições.

- Temos mais jovens aqui, eles se casarão e procriarão.

- Não somos animais, se existir amor sim, se não....Não.

- Que se casem, portanto, ciganas e ciganos e a tradição ficará. Disse Iratriz.

Certa noite estavam todos em volta da fogueira e Nilo se aproximou de Michel e Dalila.

- Como vai Nilo, posso ajudar em alguma coisa.

- Minha filha é a tua prometida, se quiserem autorizo tal casamento.

- Dalila olhou para o pai surpresa e Michel disse:

- Eu casaria agora mesmo.

- E você, aceita filha?

- Sim. Disse a jovem.

Os preparativos estavam prontos e na festa do casamento viriam outros ciganos.

Talvez o reinado de Michel acabasse, pois pregara o amor, mas estaria vivo com os ciganos e ciganas deste sangue misturando-se a outros.

Dalila esperava a cerimonia

Estava feliz. Casaria-se com Michel, mas ainda não confiava no cigano.

As horas se passavam, a noite caía e Michel não chegava, nervoso Nilo disse:

- Ele desistiu, depois de parecer tão bom chefe, rendeu-se a diversão.

- Não, acalme-se Nilo, pediu Marcos.

- Dalila esperava linda em sua tenda, resolveu fazer alguma coisa,Chamou Marcelo e disse:

- Vamos procurá-lo.

Marcelo prontamente atendeu e saíram à procura de Michel, não precisaram procurar muito, perto do local onde Mauro havia sido atacado encontraram Michel caído.

Estava de bruços e Dalila ajudou o irmão a virá-lo e só aí viram o punhal enterrado em seu peito.

A jovem cigana segurou sua cabeça no colo, a respiração era muito fraca, havia perdido muito sangue.

Michel o que houve? Perguntou o irmão

O marido daquela mulher

Michel agüente meu amor.

- Ele disse que destruiria o acampamento, e eu implorei que acabasse comigo, mas deixasse meu povo em paz. Perdoe-me Dalila, eu juro que queria me casar com você, disse cada vez mais fraco.

- Marcelo tirou o punhal do irmão e pediu:

- Agüente.

- Não, disse o cigano ferido. Corte o pulso de Dalila. Corte o meu, junte nosso sangue.

- Não vou fazer isto irmão.

- Faça é meu último pedido

- Dalila entre lágrimas pegou o punhal e cortou seu pulso, entregou o punhal a Marcelo e ele fez um pequeno corte no irmão e uniu Dalila e Michel pelo sangue.

- Nossa nação se faz agora e só começa na próxima, mas juntos nós vamos tentar perdoar.

- Michel fechou os olhos e partiu rumo a eternidade, Dalila caiu em prantos.

Marcelo jurou vingar a morte do irmão.

CAPÍTULO VI

O funeral do chefe cigano foi triste, todos que vieram para participar da festa de casamento ficaram para o enterro.

Além da tristeza natural pela perda do líder, os ciganos daquela aldeia sentiam que perdiam algo mais, a continuidade.

Nos dias que se seguiram Dalila adoeceu, muitos ciganos partiram com as outras tribos, algumas ciganas se casaram e seguiram seus maridos.

- Íris não partiu, disse Raquel ao ver a jovem Dalila adoentada.

- E porque ela não foi com os outros perguntou Dalila.

- Disse que era povo de seu povo e que morreria com eles.

- Espero que ela encontre a paz, eu a perdoo por tudo.

Foi em uma fria manhã, treze dias após a morte de Michel que Dalila com uma febre fortíssima deixou a terra.

Mais uma tristeza para aquele povo sofrido, seus pais choraram e os ciganos que aprenderam a admirar Dalila também.

Os anos passaram rápidos, os velhos morreram, os jovens ficaram. Marcos e Marcelo foram mortos ao tentar vingar a morte do irmão.

O acampamento cigano se desfez, ficaram apenas Raquel e Íris.

Raquel continuava a freqüentar a cidade e conheceu um homem, parecia ser uma boa pessoa, Raquel não o amava, mas precisava de segurança.

Depois de um ano Raquel também partiu ao lado deste homem que se dizia apaixonado por ela.

Pobre Raquel morreu nas mãos daquele que lhe jurara amor eterno.

Íris ficou na solidão, morava sozinha onde antes fora o acampamento cigano e certo dia recebeu visitas.

Eram as irmãs de Michel, estavam bem casadas com homens do povo que as amavam.

Depois dos abraços elas perguntaram:

- O que houve Íris, onde está o seu povo?

- Está aqui. Eu sou o povo cigano. Há anos o acampamento desapareceu, eu ficarei aqui até chegar a minha hora, e voltarei junto deles. Acreditem.

EPÍLOGO

A chance de mesmo no além continuarem a ensinar é real.

E antes que Deus em sua infinita sabedoria conceda-lhes a chance de terem suas próprias vidas para amarem, ensinarem e perdoarem, eles buscam famílias e amigos e vêem a terra para ajudar.

São imperfeitos, mas conhecedores da vida.

A chance virá e serão conhecidos, pois viveram para isto.

Por enquanto vivem no além vida e são conhecidos apenas como:

A linha cigana.

pelo espírito Isabel

Patricia Cavazzana da Silva

Gil o 7

Gil o sete
Enviado por Gil o sete em 31/10/2008
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