Um passeio ao Zoológico

Finalmente, depois de tantas promessas, a mãe conseguiu levar seu filho ao Zoológico para um passeio. Ao transpor o portão do Zoo, o menino dava pulos de alegria. E puxando a mãe bela mão disse-lhe: "Mamãe, anda, vamos ver o leão." - Enquanto caminhavam, ele olhava curioso as jaulas dos macacos, achando-os muito engraçados. Admirou-se com a girafa, e perguntou onde e como ela fazia para dormir - "Será que ela dorme em pé, mamãe?" Sentiu medo das cobras, e agarrado na cintura da mãe, ficou olhando-as de soslaio. Ao passar pela gaiola dos pássaros, ficou citando suas cores, e por fim exclamou: "Existem pássaros de todas as côres!". Andaram mais um pouco e pararam para tomar sorvete. Para o menino, não existia delícia maior do que tomar um sorvete de chocolate! "Pronto!" - disse a mãe para seu filho - "agora vamos encontrar o leão". E lá estava ele, sozinho numa jaula onde havia uma árvore e uma casa no feitio de uma gruta de pedra. O menino ficou estático diante da visão pela qual tanto ansiara - a mãe o observava com estranheza, e de súbito percebeu que uma lágrima rolava pela face de seu filho. Então ajoelhou-se junto dele, o abraçou e perguntou: "O que você está sentindo, filho?" O menino só olhava para o leão que estava deitado, esticado, e um monte de moscas sobrevoando sua juba. O que chamava atenção do menino é que o leão parecia-lhe muito triste. Aquele leão não parecia em nada com os outros que ele via nos filmes... aquele leão que estava diante de sí, era um rei deposto de sua majestade. Ele devia sentir saudades de seu bando, das florestas, de caçar sua própria comida... Ele era um prisioneiro, como todos os outros animais ali enjaulados - mas, parecia sofrer mais do que os demais bichos do Zoológico. Ele não precisou dizer nada do que sentia para a sua mãe, pois ela, naquele instante, abraçada a ele diante daquele cenário, absorvia o sentimento de seu filho... Apertou-o nos braços, e disse-lhe suavemente: "Querido, viver numa cidade grande, cosmopolita como a nossa, não poderia ser de outra forma que esta, o contato com estes animais. Se não fosse assim, jamais poderíamos conhece-los de perto. Eles aqui são bem tratados, acredite. Eles recebem comida e cuidados adequados." O menino respondeu para a mãe: "Eu acredito nisso. Mas, não gostei de ver o leão parecendo morto!" - A mãe sugeriou então que ele se despedisse do leão, e depois continuaram o passeio, transformados. É que toda experiência, seja em qualquer idade, imprimem na alma, doses tanto de alegria quanto de dor, e esculpem o ser - quanto mais sensíveis são, mais finas, delicadas porém fortes, serão os traços do caráter da pessoa. Aquele passeio no Zoológico, foi uma talho profundo que modificou o olhar e o desejo de ambos em relação ao querer para sí as coisas da vida. O querer-bem, implica em amar, cuidar e respeitar a liberdade do bem que se quer. O menino ao chegar em casa, apanhou uma folha de papel e lápis, e desenhou um leão, cercado de muitas árvores - e escreveu abaixo do desenho: Leão feliz na floresta