UM NATAL INESQUECÍVEL.
Meu amor italiano
 
(Hull de La Fuente)
 



Era dezembro do ano de 2002. Eu iria passar o Natal em companhia do homem dos meus sonhos. Ele me esperava em Milão.
 
Seriam apenas doze dias de férias, mas eu estava disposta a vivê-los intensamente. Algo em meu coração dava-me a certeza de que tudo seria perfeito.
 
O serviço de bordo da classe executiva do avião de bandeira belga era excelente. De São Paulo a Bruxelas, foram quase dez horas de vôo.
 
Durante a travessia transcontinental, eu vi filmes e ouvi músicas natalinas, lindíssimas. De vez em quando eu mudava a faixa e ouvia bonitas canções de amor. Todas elas, ou quase todas, faziam parte da trilha sonora do meu romance com Luigi.
 
De Bruxelas a Milão, ainda na mesma companhia, vivi alguns momentos de ansiedade, devida ao tempo. O inverno chegara cedo. Quando eu olhava pela janela, só via o mar de espessas nuvens brancas como algodão. A passagem sobre os montes Apeninos causou um pouco de turbulência, mas eu só tinha medo de não encontrar o meu príncipe lá no aeroporto de Linate.  Medo bobo, improcedente. É claro que ele estaria lá.
 
Após colocar as malas num carrinho, passei rápido no toalete e o brilho dos meus olhos agradou-me. Nem pensei em retocar a maquilagem.
 
No desembarque, entre centenas de pessoas que aguardavam os seus, reconheci os olhos verde-azulados do meu príncipe, que elegante, trazia o capote de inverno no braço direito. Trajava um terno de lã cinza escuro e foi tudo que pude ver, porque meus olhos não quiseram mais sair de dentro dos olhos dele.
 
Seus braços me envolveram docemente enquanto beijava-me o rosto. O agradável aroma de sua colônia invadiu-me as narinas, exercendo uma incrível química no meu metabolismo.
 
Luigi abraçou-me fortemente e ouvi as batidas do seu coração emocionado. Senti o sangue correr quente por todo meu corpo. Nem parecia inverno. A emoção era recíproca.
 
Naquele momento, quando nos dirigíamos para a saída, uma orquestra de bandolins napolitanos, que aguardava outra orquestra, que chegara no mesmo vôo que eu, começou a tocar a canção “Torna a Surriento” (Retorno a Sorrento). Luigi não se conteve, meu italiano do Norte deixou-se enfeitiçar pela música do Sul da Itália e entregando minha bolsa e seu capote ao  motorista, prendeu-me pela cintura e começamos a dançar em pleno saguão do Aeroporto. Os integrantes da orquestra que chegava, aplaudiam entusiasmados. Alguns músicos fizeram um círculo a nossa volta, como que para resguardar aquele momento só nosso, meu e de Luigi.
 
A música findou e Luigi beijou-me longamente a boca.  Só então percebi a pequena multidão que se formara a nossa volta. O amor havia se espalhado pelo saguão do aeroporto. Vários outros casais se abraçavam e se beijavam. Depois, como que obedecendo a uma batuta invisível, todos nos aplaudiram.
 
Os dias que se seguiram foram regidos pelo nosso amor bonito. Aquele foi o Natal mais intensamente vivido por nós dois.
 
Mi manchi Luigi, sono ancora la tua piccola farfalla” (Sinto saudades Luigi, ainda sou sua pequena borboleta).
 
Fim


- Toda e qualquer semelhança com fatos reais, será mera coincidência...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 03/12/2008
Reeditado em 03/12/2008
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