Indesejável

(Esperança)

Naquele dia uma brisa suave tocava sua face e seus cabelos dançavam conforme o vento. Acabara de chover

(Calmaria).

Ela estava só.

(Medo)

Não sabia se ele viria, mas esperaria mesmo assim. Não se incomodava em esperar, apesar de não ter esperança nenhuma de que seu amor, seu grande amor, pudesse vir ao seu encontro.

Aflição; ansiedade; euforia; desespero; explosão de sentimentos e sensações que corroíam seu ego enquanto ela esperava por alguém que certamente não iria aparecer. Mas não custava nada esperar. Não custava nada tentar... Devemos arriscar. Ela já não acreditava mais nisso, depois de tantas frustrações, faltava-lhe fé, faltava-lhe coragem, faltava-lhe tudo.

(Silêncio)

Estava oca, vazia de si e cheia de amor pra dá. Amor...

(Desespero)

Ele não vem! Ele não virá. O tempo passa, ela olhava para o relógio, estava tarde, havia se passado muito tempo desde que chegara naquele lugar, e ele já estava muito mais que atrasado. Fazia frio; tinha acabado de chover; era uma praça; estava deserta.

É fim de ano.

(Certeza)

As pessoas estavam em casa com suas famílias, confraternizando. Ela não. Ela esta esperando por alguém que não virá! Ela sabe disso... Já não acredita em natal e nem nas outras festas religiosas. Também não acredita mais em outro monte de coisas: Felicidade; futuro; Bondade... A partir de agora não acreditava mais em amor, amor perfeito, porque o sofrível existe!

(Amor)

Ele (o amor sofrível) agora fazia parte de único grupo e coisas em que ela realmente acreditava: Os fantasmas. Os fantasmas do passado que a atormentavam dia e noite. Quantas coisas ela poderia ter feito e não fez? Coisas que hoje não passavam de lembranças amargas que a perturbavam como se fossem fantasmas de um passado não tão distante.

(Convicção)

As ultimas gostas de chuva escorriam das folhas, das enormes árvores que ornamentavam a praça da cidade onde ela estava neste momento. A lua, grande, brilhava no céu ao lado de uma estrela que ela não sabia nome, nunca saberia, pois não se interessava por astrologia, nem sabia direito o significado da palavra. Tinha pouca cultura e muitas dúvidas.

_ Ele não veio!

Levantou-se e começou a caminhar... Voltou pra casa.

(Desnorteada)

Poucas pessoas pela rua, O semáforo piscava na luz laranja, ela não parou para observar, continuou a caminhar... Alguns rostos conhecidos, algumas luzes acessas, muita vida. Vida... V-i-d-a! Vida ao seu redor, mas nada de interessante em sua cabeça. Estava frio, seu coração também. Ela abraçou seu próprio corpo imaginando o abraço de uma outro alguém que não estava ali. Outro alguém que nunca estaria. Um carro passou, ela atravessou a rua.

(Morte)

Ela já não estava mais viva, não tinha mais nenhuma lasquinha esperança, apenas os fantasmas, os mesmos fantasmas do passado lhe faziam companhia. Eles a massacravam

Sua mente com pensamentos desprezíveis. Seu corpo era algo inerte, vagando pelas ruas daquela cidadezinha, sem vida, sem direção, sem destino.

(Vida)

Seus pulmões respiravam sozinhos, não sentia o sangue circulando pelo corpo. Ouvia seu coração batendo, oco, em seu peito. Sozinha... Apenas sua mente dialogava com ela, lutando para sobreviver, queria existir, mas seu corpo não obedecia mais ao seu comando. Já tinha vontade própria.

Ela era um zumbi...

Não chorava, apesar da enorme tristeza, não chorava, nenhuma lágrima caia de seus olhos mareados.

Ela continuava a caminhar...

(Dor)

Doía, doía muito, seu espírito gritava de tanta dor... Mas ninguém podia ouvi-la. Era um grito mudo de socorro, tentou rezar, apelar para algo além... Mais forte, muito mais poderoso, mas ninguém ouviu sua oração. Seu anjo da guarda não estava ali, já tinha a abandonada algumas quadras atrás. Tinha encontrado uma pessoa com mais vida, esperança e sonhos para proteger.

(...)

Passos leves na calçada; o asfalto ainda estava molhado; havia estrelas no céu, muitas. Noite mórbida.

Todo mundo no seu devido lugar, mas ninguém do seu lado.

Ninguém!

Não estava esperando por ninguém... Na verdade, ninguém precisava vir ao seu encontro, ela apenas queria encontrar alguém que se importasse com ela. Mas não encontrou!

Não foi rejeitada, muito menos esquecida por alguém, apenas, não estava esperando por ninguém. Não havia convidado ninguém para um encontro, simplesmente sentou-se na praça esperando por alguém, que certamente não apareceria, talvez eu ou você.

Estava largada no mundo.

(Solidão)

Os passos continuavam. Alguns minutos se passaram, mas ninguém à vista, ninguém! Ela também não estava lá, não dava sinais de vida. Era um corpo, simplesmente um corpo vagando sem direção, sem motivos, sem razão.

(Efêmero)

Chegou em casa, seu lar, seu tumulo, seu objetos pessoais, sua cama, sua lápide, história triste, vida triste, morte viva, vida morta.

Sem motivos, sem objetivo, sem amor... Sem mim, sem você. Nada de oportunidades e nem de futuro.

Quem é diferente?

Ainda não sei se ela estava viva ou morta, não sei se era um lar ou tumulo. Uma cidade ou um cemitério, ambos podem ser pequenos! Mas sei que ela é real.

Talvez eu, talvez você, quem sabe um fantasma, afinal, os mortos vivem e muitos vivos estão mortos.

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 02/01/2009
Reeditado em 15/01/2009
Código do texto: T1363550