DIAS TÃO FRIOS

Eu nem sinto mais meus pés tocarem o chão gelado. Aqui, tudo parece frio de verdade, tudo tão incolor e frágil. Pra onde foi toda vida ? Pra onde foram os aromas? E o cheiro do café bem cedo, você sem camisa, eu ainda de meia. "Volta pra cama". Coloria meu dia inteiro, meus passos eram como saltos para um horizonte sem limites, sem malícias e de canções inesperadas. Viro a esquina e meus bolsos se enchem de alegria até a hora do jantar, é quando você chega, cansado. Joga tudo no sofá, não quer nem pão, nem água, não quer abraço. Quer um banho quente e um tempo na cama. Só pensando, nem dorme mais, fica horas me olhando sem dizer nada, querendo que eu entenda tudo num só olhar.

Não abre a boca nem pra me dar boa noite, se enrola no edredom, me deixa esperando uma despedida, que nunca vem.

Enquanto o tempo vai passando pra você, me perco na imensidão das voltas do relógio que judia de mim a cada segundo. Cada segundo sem nada pra ocupar meu coração vazio e as horas frágeis.

Dessa vez eu durmo só, dessa vez me entrego de vez a solidão. Nos braços de um outro, ou de um sofá sem vida.

Sem vida, já basta eu e sem vida, vou viver a minha.

Ricardo R
Enviado por Ricardo R em 17/02/2009
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