LIBERDADE




Décio estava enfastiado da vida. Queria correr mundo. Queria liberdade, ou o que presumia ser liberdade.
Havia completado o 14º ano de escolaridade e tinha facilidade com o idioma Inglês, daí a ir para Londres foi um pulo.
Nos primeiros tempos arranjou lugar numa ONG de animais, ajudava a tomar conta dos bichos, mas achava que poderia fazer algo de mais proveitoso e decidiu sair.
Conheceu uma turma que habitava uma casa devoluta no centro de Londres e juntou-se a eles. Décio aí experimentou amarga desilusão, muitos eram drogados, outros roubavam, a eletricidade era furtada, e o intenso frio desacorsoava .Mesmo assim foram anos nesta agonia.
Um conhecido falou-lhe de uma fazenda na cidade de Bristol, e ele lá foi tentar sua sorte.Foi admitido, e nos primeiros dias achou que tinha feito a escolha certa, mas o pior estava por acontecer.O trabalho era incessante e com restrições à liberdade, sem poder sair da fazenda, trabalhando de domingo a domingo e em vez de poder guardar dinheiro ainda ficava a dever aos patrões.
Numa manhã de Abril,em que completava 36 anos, Décio fugiu, reuniu o pouco que tinha, vendeu seu relógio e voltou para sua terra natal.
Não teve coragem de procurar sua mãe e foi ter com sua irmã, que o olhou bastante desconfiada e só permitiu que pernoitasse em sua casa na condição de que procurasse trabalho.
Sem uma educação específica, seu país vivendo uma crise de desemprego, sem experiência em qualquer tipo de trabalho, Décio viveu tempos difíceis.
Algum tempo depois, seu cunhado conseguiu para que Décio desse aulas de Inglês para duas crianças filhas do chefe dele, e foi assim que Décio começou uma nova vida e soube que nem sempre a liberdade da rua é a verdadeira liberdade.