Os olhares nervosos esbarraram-se. Ela o fita. Ele repara nela, e no nervosismo dela.
- Não vai dizer nada? Este silêncio pesa tanto.
- O que você quer que eu diga? - Ela mexe no seu cabelo ruivo, mau presságio. - Peça que você fique, pois não sei viver sem seus lábios? Eu sobrevivo.
- Então quer que eu vá?
- Também não. Eu gosto da sua companhia. Reconheço suas manias e humores só pelas suas pupilas. Seria injusto com você se os meus argumentos para que fique, restarem apenas nesta vivência cômoda.
- E quanto ao amor? Ele não pode servir como persuasão?
- Não vou mentir. - As mãos suadas. - Importo-me demais para fazer isto.
O silêncio novamente pousado sob a despedida.
- Agora é você quem está quieto.
- Humm... É uma boa oportunidade para meu futuro. Costumava sonhar com uma vaga dessas.
- Costumava?
- Aham. - Acaricia o rosto delicado dela. - Agora, só sua pele parece fazer sentido.
- Por que quer tornar isto tão difícil?
- Por que insiste em facilitar? Fui tão pouco assim?
- Aceite o emprego. Voe pra além mar. Recomeçe sua vida lá, como sempre quis.
- As minhas prioridades mudaram.
- As minhas não.
- O que está tentando dizer-me?
- Enquanto continuarmos juntos, aqui, não conseguirei focar-me nos meus objetivos.
- Besteira!
- Não, não é. Cansei de estar apaixonada por seu peso. Quero alcançar o mundo, não só nós dois.
- Então é isso. Vamos terminar?
- Já terminamos.
Ele dá as costas antes que as lágrimas fossem evidências. Ela sentada, o vê afastar-se. Entrar no portão de embarque. E não virar seu rosto para um último contato.
O choro negado principia tímido. Assim como as palavras que sussurra para si:
- Meu único objetivo é torná-lo o homem que nasceu para ser.
Karla Hack dos Santos
Enviado por Karla Hack dos Santos em 20/04/2009
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