Um provável futuro para a humanidade...

Em um dia frio e cinza, um homem corre contra o tempo. Tenta consertar o mundo que construiu e desaprovou. Tardiamente reflete, em sua casa blindada e fechada, sem encontrar respostas sobre como quebrar as grades da selva de aço que o cerca. Ele não vê o sol nem a lua. Por que se importaria? Já existe luz artificial para consolá-lo nos momentos de insônia. Porém, será que ele não se importaria mesmo, com certo remorso?

Jonas é o cidadão mais velho que ainda habita a Terra. Um ser cheio de conflitos, que até hoje tenta se acostumar com a velocidade constante e ultra-rápida de inovações tecnológicas e científicas.

- Jim... Poderia ligar a TV para mim, por favor?! Suplica Jonas a seu filho, um jovem hiperativo com grande habilidade no manuseio de diversas tecnologias.

- Claro, pai! Mas... Você ainda não se acostumou com o Controle Sensorial Interativo por Piscar de Olhos??? Seu filho responde, demonstrando espanto.

- É que, na minha adolescência, as coisas não eram tão práticas... Explica Jonas a Jim.

- É... Acho que compreendo, pai... Pelo menos imagino... Vagamente... Agora, tenho que ir para a faculdade. Jim responde de forma óbvia e fria a seu pai. Forma óbvia, sim, pois ele já não vivia sem todo aquele tecnicismo que assustava seu pai. Era tão dependente da praticidade artificial que regava seu mundo que não se imaginava sem uma grande gama de inovações para consumir a cada minuto.

- Vá pela sombra! Jonas aconselha seu filho, que não entende a metáfora e responde com um “Bom dia pra você também, pai!”.

Apesar de todos os aparatos tecnológicos, ainda não havia sido criada uma máquina do tempo, pois, exceto Jonas, os habitantes do Novo Mundo tinham medo do misterioso e “primitivo” passado que apenas o velho conhecia. Porém, talvez pelo medo desse distante passado causar espanto e incompreensão às novas gerações, Jonas nunca havia revelado tudo o que sabia, de forma clara e aprofundada. E sentia um grande incômodo por se ver nessa situação.

Até que, em certo dia, tomou coragem e insistiu pela atenção de seu filho. Como já era noite e Jim sofria de uma intensa insônia, aceitou ouvir o que seu pai tinha a lhe dizer.

- Filho!...O que tenho a lhe dizer é que, apesar de simples, meu passado e o da humanidade em geral, tinha coisas belas que hoje não existem mais. Claro que já havia guerras e desigualdade entre os homens, mas você, infelizmente, talvez nunca sinta a emoção de ver o pôr do sol, de acordar com o canto dos pássaros, de ler um livro e dialogar sobre as idéias presentes nele... Enfim, a humanidade precisa conhecer o “Antigo Mundo” que desconhece e tem grande medo, para saber como o mundo se tornou o que é hoje! Há uma culpa, não só minha, mas de todos os antepassados das novas gerações. Sinto que deveríamos ter construído um mundo melhor!... Às vezes, ainda me pergunto: Seria tarde demais? Ou não?

Rafael Saraiva
Enviado por Rafael Saraiva em 21/05/2009
Código do texto: T1607399
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