Sob

Abandono meu corpo ao frescor da sombra da árvore: nem ligo se platão um dia disse que somos sombra da sombra da sombra da etc., apenas quero descansar tranquilo, sem trema, sem fôlego, sem algo que me perturbe.

Respiro este ar que me ladeia sem me esmagar. Puxo fundo ar pelas narinas para dentro dos pulmões - ou algo que o valha, já que não tenho habilidades para descrever o funcionamento do aparelho respeiratório. Deveria agora estar trabalhando, terminando meus afazeres, mas não: abandonei-me ao prazer de estar parado, sentado, sob esta árvore, rodeado de sombra, de ar, de natureza! Não me incomodam os cachorros que me vem cheirar as pernas, as mãos, que deitam a meu lado buscando o mesmo sossego que eu.

Deixa que jaza a tristeza bem longe de ti, que em meu peito morada a ela não há!

Foi-se o tempo, preciso como sempre, necessito voltar ao trabalho: fica este conto sem pés nem cabeça, um relato da vontade que sinto de ser livre, e, ao sê-lo, fico mais próximo de mim, homem imperfeito, sombra que me traz paz.

Hernany Tafuri
Enviado por Hernany Tafuri em 08/06/2009
Reeditado em 03/03/2011
Código do texto: T1638615
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