O Amor que dei a você...

Numa sexta-feira de um ano qualquer, dona Amélia Zezé estava a janela a pensar no dia do dia que seria o amanhã, pois acabara de noivar.Pensava num lar, pensava numa geladeira, pensava nos filhos, num fogão...

Quando de repente, do nada, que a gente nem sente, veio o seu marido, senhor Dodô com a máquina de costurar.Naquele instante, um sonho acabava de se completar.Foi um momento impar, uma sensação que deixa a gente sem ar.

O coração de Amélia e Dodô apaixonados se identificavam rasos d’ água e uma alegria deu lugar a tanta felicidade.Era como se dona Amélia ganhasse a mega sena acumulada.

Dia a dia ela passou a se ocupar, a bordar, a fazer roupas e a de tudo inventar.Era noite, era dia...Num sem hora para descansar.E quando alguém perguntava sobre a máquina:

- Ah!... foi o meu marido que me deu no dia que a gente acabou de noivar.Disse ele amor, isso é a prova dos meus sentimentos.

Foi assim durante muitos vinte e poucos anos.Até que um dia, dona Amélia já cansada, juventude que o tempo levava, já não enxergava e não tinha mais como costurar.A máquina vivia pelos cantos e de serventia era senhora de um pequeno vaso na sala de estar.

Quando tão de repente, quanto a surpresa de ganhar, dona Maria chegou do nada e disse:

Ah!...Amélia. Tenho um montão de roupas para costurar, mas não tenho uma máquina...

-Tu me emprestas a tua?...

- Ora Maria, se tu queres então leva pra ti.A mim não tem mais serventia, eu não enxergo para costurar.

Dito e feito, eis que a máquina foi-se com dona Maria.Quando o senhor Dodô chegou do seu terreno deu fé logo da máquina e pergunto:

- Mulher cadê a tua máquina de costurar?...

- Ah! Dodô eu dei para a dona Maria, ela estava precisando e eu não enxergo para costurar.

Dodô ficou tão sentido, tão triste que as únicas palavras que disse deixou a dona Amélia desesperada:

- Poxa Amélia o amor que eu te dei tu despacha assim?...

Mais do que depressa dona Amélia vendo o sofrimento do marido foi a casa de dona Maria e disse:

- Ah comadre Maria, você vai me desculpar, mas eu vou querer de volta a minha máquina de costurar.

- Por que dona Amélia?...

- Porque se eu não a levar o Dodô vai morrer de sentimento.Pois acredite que ele me deu a máquina como prova de seu amor.

- Ta bom comadre Amélia, por isso não vamos fazer discórdia.Leve a máquina antes que o homem morra.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 10/07/2009
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