Num mundo distante, de eras longínquas, Fred vivia em seu castelo, rodeado por seu mundo de sonhos e fantasias.
Não era o exemplo da beleza masculina, tinha um semblante peculiar de homem realizado, apaixonado pela vida.
Seu maior sonho era viajar por mundos distantes conhecer novos continentes. Fazer grandes descobertas.
Nascera de família tradicional, costumes rígidos, mas nem por isto se sentia infeliz.
Amava a todos, dos filhos era o mais feio, com seu nariz pontiagudo, olhos negros, um cavanhaque que impunha sua presença, 26 anos.
Tivera uma namorada, filha do casal que trabalhava na família por anos.
Ela uma bela plebéia, morena clara, olhos castanhos cor de mel, voz macia e curvas que o deixavam extasiado. Mantiveram um envolvimento de anos as escondidas de seus pais.
Jamais a desrespeitara, apesar de muito a desejar como mulher passava horas, pelas planícies, a correr entre as flores dos campos.
Com a chegada de novos empregados, a jovem conheceu e se apaixonou pelo jovem Tony, loiro, olhos verdes, porte esbelto.
Fora amor, a primeira vista e logo casara.
Fred sabia que poderia acontecer, o que havia entre ambos fora um amor de adolescentes, tinha a convicção de que jamais poderia desposá-la.
Agora passeava só pelas pradarias, sonhava em fazer longas viagens.

   Conversara uma tarde com seu pai, este prometendo ajudar.
Procurou o rei e pediu que permitisse seu filho fazer parte da esquadra que o rei estava organizando.
Ao retornar ao lar pediu a presença de Fred em seus aposentos.
Com o chamado do pai, entrou feliz abraçando o velho Lord, sentou ao lado, perguntando quais eram as novidades comentadas nos salões da alta nobreza.
Fixando os olhos no filho, comunicou que ele iria com a nova esquadra do rei para novas conquistas em breve, que fosse arrumar suas malas.
Os navios sairiam em dois dias.
Era o sonho tornado-se realidade, despediu do pai, chamou Tony para ajudar na bagagem. Estava muito excitado com as novidades.
Conheceria novos lugares, outras tradições, outros povos, se sentia radiante.
O jovem servo olhava para seu patrão com felicidade nos olhos, admirava-o.
Partira com o coração apertado por deixar o seu mundo, sentia uma alegria estranha.

   Os meses foram se arrastando lentamente.
Passava horas ali no convés, olhando o horizonte, a brisa tocava-lhe o rosto, o sol castigava-lhe a pele alva.
Pela manhã avistaram ao longe um continente, a tarde aportavam.
Desceram e foram recebidos pelos habitantes daquele povo.
Eram muito bem instruídos, vestiam-se elegantemente.
Todos foram levados ate a casa do Marques que cuidava da região, e convidados a jantarem em sua companhia.
Foram horas agradáveis.
Despediram-se prometendo voltar quando retornassem para seu país.
De volta ao navio, decidiu ficar contemplando as estrelas, sentia-se sozinho, apesar de estar feliz com sua decisão de viver sempre em movimento.
Amava aquele estilo de vida, sempre sonhara e agora estava realizado.
Novos mundos, outros horizontes.
Chegariam em breve, reveria a família,
E tomara uma decisão, procuraria uma jovem de sua classe e se casaria.

   Fora uma festa o retorno, muito elogiado pelo Rei, que o denominara comandante de um dos navios.
Agora fazia parte dos melhores homens de sua majestade, homem de confiança.
Fora apresentado à família da jovem que o desposaria, o casamento deveria ser realizado o mais breve possível, assim que retornasse de nova expedição. Todos estavam felicíssimos com os preparativos.
Meses depois retorna de nova empreitada e casa-se.
A jovem esposa era bela, prendada, estava encantada com a beleza interior do marido.
O rei concedeu dois meses para o casal ate a próxima viagem.
Era encantadora a convivência de ambos, ele apaixonava-se a cada dia pela mulher.
Sentia saudades das noites em alto mar, e pensava que breve estaria novamente na ativa.
Amavam-se dia e noite, passeavam, freqüentavam os saraus dos amigos.

   Sua majestade ordena que se apresente imediatamente, precisava de seus serviços.
Atendera imediatamente, sendo comunicado que deveria partir no dia seguinte. A jovem sabia que mais cedo do que planejava teria que aceitar a vida do marido.
Por amá-lo decidira guardar a dor que sentia ao vê-lo partir, seriam seis longos meses, longe um do outro.
Beijam-se e acena um adeus com lagrimas nos olhos.

   Os meses foram difíceis para ambos a saudade machucava seus corações. Olhava a noite para o céu a imaginando como estaria sua amada.
Num dos continentes que aportaram, decidiram sair para uma festa que estava acontecendo, o vazio, a saudade de casa, deixara-o inquieto, precisava distrair-se.
Depois de alguns drinques, já ao efeito da bebida, aproxima-se de uma bela morena, de belas formas, sedutora, e começam a conversar.
Contam sobre suas vidas, e acontece o inesperado.
Estão em um quarto de um estabelecimento trocando caricias.
Ao amanhecer despedem se e marcam de se verem enquanto ali estiverem atracados.
Um mês foi o tempo para terminar os assuntos do rei.
Durante este tempo os encontros com a dama foram assíduos.
Chegara a hora da partida os dois despediram-se aos beijos.
Depois daquela experiência, outras tornaram a acontecer, em cada parada uma nova mulher em seus braços.
Tornara-se um homem galanteador, conquistador de novas terras e novas mulheres.

   Seis meses se passaram e retornara para seu país.
Ao encontrar com a esposa não sentia remorso das mulheres que tivera em sua cama.
Sentia que já não a amava como antes começou a procurar outras.
O prazer o atraia, sentia desejos por outras aventuras.
A esposa começara a perceber a atitude do esposo, sabia das aventuras constantes dele, mas o amor que sentia falava mais alto.
Nascera o filho que tanto desejavam, era um belo menino.

   Entre idas e vindas do marido a jovem sentada na nos jardins do castelo olhava a lua, uma lagrima teimava em deslizar seu belo rosto.
Passara a ficar horas isolada, sentindo o vento, soprar seu rosto, como a acaricia- la tentando amenizar a dor da alma.
Não sabia mais quanto tempo agüentaria aquele sofrimento.
Noites e noites se passaram, levando de seu coração a dor, ate que uma manha fora encontrada caída no jardim.
Levada as pressas para dentro, o medico fora avisado.
Chegando ao encontro da senhora,  já não pudera nada mais fazer, ela havia partido.
O sofrimento a consumira dia a dia e agora estava terminado.
Fred fora comunicado da morte da esposa e viera em seguida.
Sentia que a fizera sofrer nos últimos anos e que agora teria que cuidar do filho que era o retrato vivo da mãe.
*
‘Cllara dos Anjos’
Data: 03/08/2009 as 19:52 horas.

 
Cllara dos Anjos
Enviado por Cllara dos Anjos em 07/08/2009
Reeditado em 21/02/2015
Código do texto: T1740779
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