Uma manhã doce como sal

- Mari, acorda! Vai logo! Vamos nos atrasar!

Levantei querendo xingar o mundo e a minha queridíssima irmã. Tomei o banho mais rápido da minha vida e fui comendo no ônibus, odiava sair de casa sem escovar os dentes ainda mais com minha irmã toda maquiada como se fosse a uma festa de carnaval, parecendo uma mocreia azeda.

- Já te disse pra colocar seu relógio para despertar, mas não adianta, parece que você gosta de depender de mim, eu não sou sua mãe não, nem sua escrava, ate parece, ainda fica me olha com essa cara de bunda!

- Ai! Cala boca Cássia! Que droga! Você parece uma matraca...

- Você que ta parecendo um zumbi de quinhentos anos.

- Que maravilha! Muita consideração a sua, que custa me chamar?

- Olha cada segundo to cobrando 2,00 e em media você leva dois minutos pra acordar, ainda tem o extra da energia do meu celular, sem falar que por ser tão cedo tem uma taxa por trabalho insalubre, vai querer?

Descemos do ônibus, eu ainda resistia não socar a cara daquela inútil exploradora, a sorte dela é que realmente mal conseguia me manter de pé.

Fui direto ao banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto três vezes, bati nas minhas bochechas pra ver se melhorava minha cor, em vão, desisti.

Era minha segunda semana naquela escola e não tinha nenhum amigo, só um menino que morava lá perto de casa, eu o achava lindo e era muito simpático, ele tinha aceitado ficar comigo depois da aula para me ajudar nas matérias que eu perdi, achei ótimo pois estava boiando, principalmente nas aulas de inglês, matéria em que ele era ótimo.

Sai do banheiro e dei de cara com ele bebendo água, seu cabelo preto caindo sobre os olhos castanhos, tão doces quanto mel, pareciam feitos de terra e eu queria plantar os meus verdes dentro daqueles olhos maravilhosos, que agora me olhavam acompanhados de um largo sorriso branco, nossa que menino sonho!

- Oi Marina

Senti meu coração pulando, podia ter um enfarte inflamante, senti meu corpo queimar ao seu toque, quando seus lábios tocaram minha bochecha, e que lábios mais bem definidos.

Ele seguiu caminho com os amigos dele, que deveriam pensar: “Por que o menino mais gato do mundo esta investindo nessa louca?”. É claro que eles não pensavam isso, meninos não devem achar outros gatos! Devem? E ele não estava investindo em mim. Estava?

Fui para sala e sentei, li a ultima matéria de historia, logo fechei o caderno, aquilo era um saco. Deitei minha cabeça sobre meus braços em cima da mesa, fechei os olhos e em menos de três segundos uma das meninas veio me perguntar de eu estava bem, levantei a cabeça e dissimulei um sorriso, mentira mais fácil de perceber, disse que estava ótima. O professor entrou e foi passando a matéria na lousa, deitei a cabeça na mesa e fui preguiçosamente copiando o gigantesco texto sobre... sobre... há ... acho que... não...não... sei

Quando a aula acabou, sentei-me ao lado de meu amor, Flavio, o nome mais lindo, da pessoa mais linda do universo, ele me olhava sonhador enquanto eu jogava os cabelos pra trás dos ombros e sorria pra ele como jamais sorri.

Levantei-me para jogar as cascas de lápis no lixo, ele me seguiu, pegou minhas mãos e olhou em meus olhos com um sorriso de lado, olhando de meus olhos a meus lábios em segundos, colocou uma das mãos em minha cintura e encostou-me na porta fechada, colocou minha mão que ele ainda segurava em seu ombro e afagou meu rosto com a ponta dos dedos, coloquei minha outra mão em seu pescoço, ele entrelaçou os dedos em meus cabelos e eu desci a mão que estava no ombro dele ate o meio de suas costas, e foi então que seus lábios tocaram levemente os meus ele olhou nos meus olhos e me deu outro sorriso malicioso, me beijou de novo com intensidade, vontade e calor, senti o cutucão insistente, acho que da maçaneta no meu braço, abri os olhos e levantei a cabeça, afastei o cabelo dos olhos, a sala toda olhava para mim sonolenta, e riam com gosto.

- Srta Marina lave o rosto e tente despertar, peça um café na cozinha, pode dizer que eu autorizei e aproveite e traga um para mim, vá, tente não dormir no caminho – a sala explodiu em risadas e eu sai da sala como um foguete.

Thaina Chamelet
Enviado por Thaina Chamelet em 26/08/2009
Reeditado em 13/12/2010
Código do texto: T1776343
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