Políticos e macacos

Era uma vez, em uma terra fictícia, regentes corruptos não tão fictícios assim. Eles se chamavam "políticos" e viviam em harmonia entre si. Governavam, roubavam e matavam, sabiamente, um bando de macacos famintos chamados por eles de "povo".

A vida desse povo se resumia em acordar, trabalhar e dormir. Nem todos os macacos tinham um trabalho. Essa escória sem ofício roubava e matava de forma inescrupulosa. O povo os chamava de "policiais".

Nada fazia muito sentido na vida dos macacos, mesmo assim eles repetiam sua rotina todos os dias, pela vida inteira. Tudo para conseguir ouro.

Com ouro eles compravam comida, compravam outros macacos, compravam sexo, compravam distração... compravam o que quisessem! Não sabiam porque queriam comprar, mas compravam. Não podiam parar de comprar! Só isso os fariam felizes. Viviam e morriam por isso.

O curioso nessa história é que se juntassem o ouro de mil macacos não chegaria nem perto do tesouro de um político. E esses não faziam nada demais pelo povo, apenas inventavam leis que aumentavam o próprio tesouro. Os macacos quando descobriam isso ficavam indignados com a injustiça dos políticos. Depois de um dia aceitavam isso como um fato e ignoravam a corrupção. Coisa de macaco.

Isso continuou assim por muitos e muitos anos, até que surgiu um macaco diferente. Que não gostava de ouro. O trabalho dele era carregar o ouro dos políticos de um cofre pra outro. Viu tanto ouro que enjoou. Não queria mais ver ouro. Enloqueceu.

Por ser um macaco diferente, teve uma idéia diferente, inédita! Ele iria fazer algo para acabar com a corrupção, mas não sabia direito o quê. Quando disse isso ninguém acreditou. Zombaram dele e isso o enfureceu. Outros, mais sabidos, viram que esse macaco era diferente. Disseram pra ele tentar ser um político e mudar o mundo. Isso o enfureceu muito mais.

Esse macaco andava muito zangado, brigando e batendo em quem encontrasse no caminho. Infelizmente, ou não, um político pisou no rabo dele. Não teve nem tempo de gritar, coitado, o macaco furioso lhe arrancou as víceras com as próprias mãos. A polícia apareceu, quis prender e matar o macaco furioso... mas ele não era só furioso. Era esperto.

— Querem ouro? — perguntou o macaco com uma voz maliciosa.

— Quanto você tem? — perguntaram os policiais.

— Eu nada, mas sei onde esse político guardava o dele. E ele tinha muuuito ouro.

Os olhos dos policiais brilharam. O macaco, que sabia onde todos os políticos guardavam seus tesouros entregou o tesouro desse político aos policiais. Continuou livre.

Infelizmente no dia seguinte já havia um político no lugar do morto e tudo continuaria igual. Isso enfureceu muito o macaco, que era também esperto.

Semanas depois dos políticos aumentarem mais uma vez seu próprio salário a filha do mais corrupto deles desapareceu. Todos os políticos ficaram assustados, mas não muito. Ela apareceu dias depois, em assada em fatias finas. Isso não assustou os políticos o suficiente. Não entenderam o recado.

Então um político apareceu decaptado. Isso assustou os regentes, mas eles continuaram suas vidas corruptas. Dias depois dez políticos foram torturados e queimados cruelmente. Os sobreviventes procuraram a polícia, mas essa não ajudou muito. Estava ocupada, comprando.

Então algo mudou.

Pouco a pouco os políticos pararam de desviar a verba do povo. Pararam de roubar o dinheiro que vinha do suor do povo. Os que insistiam em ser corruptos apareciam mortos de formas grotescas e criativas. Assim eles melhoraram. Bonzinhos, não?

O macaco assassíno, esse ninguém nunca mais viu. Virou lenda, mas dizem que quando os políticos voltarem a roubar ele vai voltar. Isso é bom. Políticos assustados trabalham melhor.