Minha história sobre assassinos - Parte 2

Ele caminha a passos lentos, seu corpo se locomove com a expressão espontânea de entender que ele é o único ali que possui o respeito. Em torno os olhares o seguem, com temor e ousadia.

Está vestindo sapatos de couro branco, sua calça é social preta listrada em branco, seu paletó é vinho e sua camisa é roxa. É assim que se veste, como se pretendesse ser o diferencial em todo lugar. Como se todos subentendessem que ele mandava, era ele a quem todos se curvavam.

Nos lugares em que freqüentava havia o temor, e nos lugares em que ninguém sabia quem ele era, logo se aprontava a fazer todos compreenderem.

Num outono, num bar tosco onde só havia traficantes e alguns moradores locais, estava o dono da favela dos Camarões. Devia há tempos e agora extorquia puteiros da região que possuíam ligação com sindicato. Foi mandado não para negociar; quando o enviavam era por algum motivo final. Seu nome era conhecido entre os mais fortes, mas pelas bandas da favela ninguém ouvirá falar nele.

Não era comum uma pessoa entrar bem vestido a não ser ricos da região dos jardins que procuravam um bom pó. Na retaguarda escoa uma voz forte: “Cadê o pelogo dono dessa porra”

Aquele cara magro de 1,81 metro que todos temiam não tinha nome, mas todos o chamavam de Patrão. Sua mão era lisa com dedos finos e grandes, em alguns dedos haviam anéis.

Ele levantou a mão e disse para trás:

“Sr. Leandro, não seja mal-educado, não queremos uma má impressão num lugar de tão boas pessoas.”

O homem bruto atrás logo se pós ao seu lugar, afastando-se um passo para trás e dizendo “Sim, senhor”.

Com sua voz calma e baixa, ele diz:

“Senhores, a vida não é eterna, estamos aqui para matar o cabeça. Falamos apenas 1 vez, se não responderem, todos aqui dão a entender que estão prontos para morrer também.”

Uma voz no meio responde:

“E quem são vocês?”.

Ele se aproxima em seus passos lentos, coloca-se em frente a um cara pardo de olhos vermelhos e com a cara assustada. Inclina seu corpo e diz:

“Somos o braço negro de uma máquina que não pára para incertezas.”

Arranca de seu bolso uma adaga fina, puro aço e brilhante. Na porta estão mais 4 que deveriam ser como ele, mas não são e reconhecem isso; eles retiram, cada um, uma .45 que estão apontadas para baixo, soltas em suas mãos.

Alguns dentro do bar hesitam, estão armados, mas não sabem pra quê.

O homem sentado está à beira do desespero. Coloca as mãos abertas ao lado da cara e diz:

“Desculpa... desculpa, é que sempre estamos preocupados com a polícia... vocês não parecem ser policiais nem os drogados que aparecem aqui...”

O Patrão, rindo passivamente, olhando para trás e balançando a adaga diz: ”Ouviu essa?! Não somos os tipos que eles estão acostumados. Esses cusões estão aqui para defender a boca e já estou a um passo de arrancar sua língua.”

Ele olha para baixo rindo, uma pausa invade o ambiente. Os olhares viram-se todos a ele, que está rindo olhando para o cara sentado. Não sabem o que fazem, mas se trata de uma questão de honra agora.

Os 4 na porta do bar entendem o recado, levantam sua armas e apontam para os caras chaves. Havia muito tempo que estavam nessa, sabiam o funcionamento de uma boca, e sabiam quem deviam matar.

Nero não está muito preocupado com seus caras, ele volta-se ao homem sentado e enfia sua adega na parte baixo-central do queixo do homem. Ninguém se movimenta, porque sabem que vão levar um tiro para isso.

Enquanto o homem se debate agarrando o paletó preto com uma claridade branca, a adaga sobe mais, e o brilho do ferro agora se intercala no sangue por detrás dos dentes. A ponta é enfiada sob a língua e o assassino a mobiliza até ter o controle sobre língua, e diz:

“A língua é feito de nervos com a musculatura forte. Mas quando não há nervos, só a músculos. Será que você consegue responder a pergunta do meu comparsa agora?”

Com a boca sangrando e chorando, quase murmurando, o homem diz: “Vocês... são do sindicato? É isso? Eu... não sabia...”

O Patrão ri: “hahahaha... olha para ele, está suando frio de medo por causa de um símbolo. Não estamos aqui pelo sindicato, estamos aqui porque gostamos de matar.”

“É... no corredor à direita... 7° casa... eu juro... eu juro.”

O Patrão olha para seus homens e 4 tiros são disparados. 4 homens caem. Todos levatam a mão para cabeça, como se tratasse de uma batida policial.

A adaga segue o ritmo da história e é forçada para cima. Passa a língua e encrava no céu da boca. O homem não consegue mais falar, apenas gagueja e vomita junto com o sangue. Tenta usar os braços empurrando o assassino, mas logo seus olhos vira-se para cima. A adaga lentamente é fincada até a cabeça, e um jato de sangue escorre pelo nariz.

Quando se retira a adaga, a mão lisa e fina toca a testa, empurrando-a para trás. E ele olha homem morrer entre os soluços e o sangue que não pára de escorrer.

O Patrão diz sorrindo: “Há um azar para tudo nessa vida!”

Plínio Platus
Enviado por Plínio Platus em 02/10/2009
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