UMA NOVA DANÇA......

No canto mais perdido da floresta..onde a lua espalha seu clarão pelas cristalinas águas do riacho que murmura melancólico o som da vida, os lobos se reúnem. Sim a alcatéia se aproxima e todos se deitam cansados para um repouso.

Quando o som da noite se espalha pela floresta uma fogueira é acessa e de todos os lados elas começam a chegar.

Sim são mulheres que, assim como os lobos, estão cansadas, esgotadas, perdidas. E elas vêm chegando a principio tímidas, mas logo se misturam às criaturas deitadas e seus corpos se confundem com os corpos peludos estendidos pela terra vermelha tingida e iluminada pelo fogo.

As mulheres se aproximam, todas unidas por uma mesma dor, por uma mesma dilaceração, todas enfim com sede e cansadas. Elas chegam e deitam deixam seus corpos serem aquecidos pelas chamas.

De repente a sinfonia começa. Os lobos com melancolia começam a uivar e os ventos parecem responder com o mesmo tom, os sons da noite se intensificam e a melodia se completa. As mulheres que jazem deitadas sentem seus corpos responderem aos sons emitidos pela natureza e na leveza elas se levantam e ao redor da fogueira dançam a dança da natureza, a dança selvagem que as fazem sentir cada parte do próprio corpo viva novamente.

Elas dançam e as chamas parecem acompanha-las....

Elas dançam e as chamas parecem sauda-las....

Elas dançam e a alcatéia uiva....

Elas dançam e a noite canta...

Mas o que dançam estas mulheres??/

Elas dançam a dança da liberdade....

Elas dançam a dança da libertação.....

Elas dançam a dança da restauração.....

Enfim elas dançam a dança da vida....

E naquele canto perdido da floresta, céu, terra, água, vento, fogo, lobos, mulheres e sons noturnos se encontram em perfeita harmonia......

E a dança aumenta o ritmo ao compasso dos sons.....

A água generosa recolhe os cansaços, as desilusões, as decepções, os sonhos perdidos, as noites mal dormidas, as vidas gastas sem sentido, as lágrimas derramadas com profunda dor e cansaço....e as águas recolhem tudo silenciosamente enquanto as mulheres dançam e nos seus corpos nus as chamam bailam....

As mulheres dançam...cada uma a sua dança da liberdade, cada uma a sua dança da saudade, cada uma a sua dança da recuperação..... embora sozinhas elas dançam em comum....sim como a alcatéia elas seguem um mesmo compasso...e dançam...dançam...saudando a grande Deusa que lhe concede a vida....saúdam a vida que delas surgem......saúdam a vida que de suas mãos escapam....são mulheres novas....são mulheres que crescem....são meninas que não querem envelhecer...são inocências perdidas....são vidas gastam....são mulheres que dançam..... e no compasso desta dança elas voltam para o escuro da floresta e a alcatéia silencia....também o riacho se recolhe e mansamente suas águas correm, a fogueira apaga suas brasas e o silêncio toma conta da floresta.......a lua e as estrelas compactuam com esta dança selvagem que reúne aquelas que parecem perder suas energias a cada entardecer, no entanto, ao alvorecer estão prontas para novas batalhas........

Se as mulheres amanhecem como se o dia anterior não tivesse sido exaustivo....é por que elas, no escuro da floresta, dançam.....dançam...e com a alcatéia descansam.....com as águas se banham.....com as chamas se aquecem.......com as estrelas brilham.....e enfim retornam para a vida, pois se encontram em casa e recuperam as forças.........

Débby Pupo
Enviado por Débby Pupo em 15/10/2009
Código do texto: T1868621
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