Pra nunca mais esquecer

Na Revista Seleções de março 2001, li a história comovente de Irene Gut, uma jovem polonesa que antes de 1945 em plena guerra arriscou sua própria vida pra salvar muitos judeus, que coragem desta jovem, que exemplo de amor àqueles que tanto precisavam.

Por volta do ano de 1943, Irene contava com 25 anos, tropas alemãs tinham invadido a Polônia, os nazistas queriam a exterminação dos judeus, os mais visados pelo ódio nazista, porque naquelas alturas a perseguição seria para não só os judeus mas os negros, mestiços todos os que não tinham a pureza da raça branca. Irene era polonesa e não fazia parte dos infelizes tão caçados pelos maquiavélicos nazistas, que tinham como líder o insensível, desumano Adolfo Hitler. Mas ela por causa de seu país estar nas mãos dos invasores, passava um mal pedaço com sua família, naquela época tão ruim. O exército de Hitler já estava no comando naquele lugar na Polônia.

Irene trabalhava na lavanderia de um restaurante que usava mão de obra judia, apesar de não pertencer aos judeus caçados, espezinhados pelos nazistas, ela era obrigada a trabalhar sem remuneração. A Polônia estava destroçada, os alemães e os soviéticos fatiavam-na sem cessar.

Embora o grande tormento fosse a perseguição dos nazistas aos judeus, Irene teve sua parcela de sofrimento nas mãos dos soviéticos, que numa época perseguiram-na e a violentaram. A guerra desumana foi seguindo seu curso, os nazistas tinham tudo nas mãos, até a vida das pessoas nos paises invadidos, Irene, seu pai, mãe e mais quatro irmãs foram separados, seu pai perde o emprego atual, mais tarde requisitado pra trabalhar sob o domínio dos alemães, depois acusado de estar de pleno acordo com os nazistas, momentos de aflições tomava conta de todos, mortes terríveis aconteciam do nada, a jovem, solidarizava com os que estavam sendo oprimidos, procurava ajudar o máximo possível, mesmo quando via os cartazes terríveis:

“aquele que ajudar os judeus, pagarão com a própria vida”

O martírio parecia não ter fim no gueto de Glinice e no gueto de Walowa, lugares que ficava os judeus amontoados, nestas alturas quanto sofrimento eles passavam, pois tudo o que possuíram com a força de seus trabalhos, para ter uma vida digna do ser humano foram tomadas pelos cruéis opressores, então ali naqueles guetos eles estavam vivendo o verdadeiro inferno.

Irene fez um propósito: ajudaria os judeus mesmo arriscando a sua vida, era inadmissível aquele ódio dos nazistas, cenas horríveis ela presenciava, como aquela em que um oficial nazista joga uma coisa para o alto e dispara sua arma, depois ela constata que era uma indefesa criancinha, que cai perto da sua mãe e no desespero é matada também, bebê e mãe duramente assassinados, era terrível para seus olhos, preferia acreditar que aquela criancinha fosse apenas um pássaro que alçou vôo.

Num de seus empregos um restaurante, ela reservava alimentos e fazia com que chegasse aos judeus, durante um bom tempo conseguiu alimenta-los, sempre arrumava meios para que fugissem, conseguiu a fuga de muitos, porque milhões de judeus foram assassinados na maior covardia, essa injustiça o mundo foi testemunha, os maus destilava o veneno da maldade, provocando sofrimentos intensos, havendo o silêncio dos bons.

Enquanto isso Irene dava a sua quota de bondade e coragem e alguns tristes reveses, seu pai é assassinado por alguns soldados alemães, sua família, mãe, irmãs foram presas por causa dela estar em atividades na resistência. No término da guerra sua família foi libertada, mas Irene praticamente sem pátria, seus amigos vieram socorre-la, demonstraram a gratidão pelos teus atos, permanece por alguns anos em acampamento judeu.

Em 1949 é entrevistada por uma delegação das Nações Unidas, reconhecem seu valor, emigra para o Estados Unidos.

E nessa revista, Seleções de março de 2001, está a foto de Irene, a bela senhora com seus cabelos totalmente brancos e notadamente no semblante uma bondade e altivez daclara:

“Ás vezes, ainda vejo um bebê lançado ao ar. Mas me obrigo a mudar essa visão: algo é jogado no ar, sim, mas é um pássaro, um pequeno pássaro liberto da gaiola. Uma garota se inclina na janela para espalhar migalhas e observar o passarinho, um pardal alçando vôo, até ele desaparecer de vista.

É este o meu desejo: fazer o que é certo; contar a vocês; e lembrar”.

No seu íntimo ela deve nos pedir:

Pra nunca mais esquecer!...