Um princípe de asas

O príncipe Norton estava aborrecido naquela noite. Por dias solicitava ao sábio uma interpretação de seus sonhos, cada vez mais recorrentes, mas o velho parecia esconder-lhe algo. Norton sabia da influência de seu pai sobre cada morador de Vultur, e desconfiava que havia algo estranho no tom de voz do velho sábio.

Para espairecer alçou voô até as planícies. Há muito não fazia uso de suas asas longas. O homem negro, com mais de dois metros de comprimento sentia-se pleno ao sentir o ar cortando-lhe o corpo, sentindo em sua face a liberdade desejada.

No fim do dia decidiu por beber num desses bares que comportam qualquer espécie. Ao entrar no são os olhos voltaram-se a ele. Vulturianos são raros por ali. Não misturam-se, nãos descem a parte baixa de Gryphus. Sob os olhos dos outros são antipáticos, e prepotentes, e por isso a maioria dos olhares era de espanto e desprezo.

Norton pediu uma bebida, e recostou-se sobre o banco. Era uma bebida forte, capaz de fazer ele se engasgar com o líquido que descia queimando por seu corpo. Ao seu lado um homem. E homens também não são muito sociáveis. Basta não gostar de alguém, e a encreca tá feita. Sem mais nem menos o homem desferiu um golpe contra o corpo robusto de Norton. Ele não acusou o golpe. Não demorou e outro bebum desferiu outro golpe. Vulturianos são pacientes. - Pessoal, não vim aqui arrumar confusão. Ponderou o ser, meio homem, meio pássaro. Em vão, um terceiro jogou em sua cabeça uma cadeira que se estatelou contra seu crânio.

Vulturianos também não fogem da briga. e são fortes, e soco por soco, Norton foi derrubando um ano, até restar apenas o "barmen". Tomou o último gole de sua bebida, e partiu alçando voô as montanhas mais altas de Gryphus. Sua terra natal. "posso voltar, me diverti bastante por hoje." pensou o príncipe, que por horas esquecera seus tormentos.

Douglas Eralldo
Enviado por Douglas Eralldo em 23/11/2009
Código do texto: T1939459
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