Um Erro Sem Perdão

Hoje descobri que cometi o maior erro do mundo, tudo teve seu início quando ele foi-se em busca de algo que eu não compreendia, passou semanas sem dar notícias, uma ausência que encheu meu âmago de rancor. Mesmo quando ele voltou, mesmo com toda a euforia do fim da saudade que ele causou, ainda havia muitas chagas abertas. Sentia raiva por ele ter saído sem avisar e compaixão pelas muitas feridas que ele trazia, todo aquele tempo longe de meus cuidados havia deixado-o doente, sem brilho, mais fraco.

Ele pediu-me asilo e num impulso cedi seu antigo quarto em minha casa, deixei-o lá confortável, tratei-o com meu maior zelo, ams quando a primeira palavra mal dita chegou de seus lábios à meus ouvidos, reviveu tudo que eu tanto me esforçara para afogar dentro de mim durante aquela ausência, a raiva veio tempestuosa, ofuscou-me das luzes da razão, perdi o controle, bati e tranquei a porta e deixei-o lá, tentando deixar de lado tudo que sofri, enquanto ele ia definhando, chorei de medo de da mais pura tristeza, mas depois de alguns dias a paz e a monotonia voltaram a reinar naquela casa, era difícil me lembrar daquela centelha de vida trancafiada, principalmente depois que deixou de ser ouvido qualquer som, nem sequer um ruído, cheguei a me esquecer daquela crueldade, mas não conseguia me sentir culpada, pois a vingança corroia todo meu sofrimento. Eu mesma já estou meio morta desde que nasci e agora não há o que ser feito.

Por distração acabei abrindo sem querer aquele quarto, a cena era horrível, ele ainda sobrevivia, mas não por muito tempo, fechei todas as saídas, meu choro já não podia ser contido, terminei com um lacre na porta escura.

Minha surpresa aconteceu a alguns dias, passava distraída e com uma voz suplicante, ele murmutava doce, pedia, queria sair, eu neguei, não sofreria mais aquilo, já tinha aprendido a lição, mesmo assim ele persistiu como o pesadelo do qual não se consegue acordar.

Hoje, ele começou a jogar-se à porta, gritava, dizia que me amava, e eu chorava, aquilo era o que eu queria e não podia nunca ter ouvido, choro, os rios saiam sombrios de meus olhos, ele era mais forte do que eu supunha e agora não havia mais volta, o sofrer já voltara a arruinar minha casa.

É.

Acho que está na hora de abrir esta porta do meu coração, chegou o momento de encarar meus erros e fantasmas do passado tão presente, a realidade sombria. Acho que tentar matar um amor não tem nenhum perdão...

Thaina Chamelet
Enviado por Thaina Chamelet em 27/11/2009
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