Dois corpos na cama

Já era manhã, o dia frio e cinzento, os poucos raios de Sol que adentravam pelo vão da cortina de renda atingiam um dos sapatos de salto alto, que fora jogado ali na pressa ue a madrugada exige. Sobre o tapete branco uma taça de vinho mais amarga que o comum. As roupas que antes foram lavadas e engomadas com zelo, agora jazem espalhadas pelo cômodo com desleixo. O lençol de cetim vermelho cai suavemente das bordas da cama sobre um celular e um ou dois botões, que agora, sem utilidade nenhuma, estão soltos da camisa azul, que ja não tem importância nenhuma para ele, que jamais voltará a usá-la. O cheiro de perfume doce, misturado ao das rosas sobre a comoda, impera no quarto, mas já vai passar. Os longos fios negros e lisos esparramam-se sobre o rosto dela, contorcido pela dor, e sobre as costas de curvas perfeitas e invejáveis, molhadas, mácias e vermelhas, como se houvesse virado a noite brincando com um tigre. A cintura envolvida pelos longos dedos morenos, anteriormente cobertos de desejo, mas agora como todo o resto estão quietos. Os braços musculosos e molhados por uma mistura de suor, batom e sangue, não são compátiveis com o sorriso suave daquele rosto marcante. O travesseiro no chão e em seu lugar, onde o lençol havia sido cuidadosamente esticado, agora está bagunçado pois daqueles lábios grossos e vermelhos, uam mancha escorre e escurece com uma mistura de vinho, sangue e veneno. As costas bem trabalhadas, agora com uma larga poça, mancham os dedos delicados dela e suas unhas pretas que antes marcavam o peito nú ao seu lado. A pericia chegará em breve e todos sabemos que este foi o ultimo momento de amor destes dois corpos enlaçados numa cama e eternizados por uma vingança.

Thaina Chamelet
Enviado por Thaina Chamelet em 16/12/2009
Reeditado em 13/12/2010
Código do texto: T1981578
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