Bula do amor?

Seria simples e memorável se encontrasse uma bula que pelo menos indicasse como sobreviver neste deserto desumano...

Você não sabe,mas é mágico as coisas que penso as palavras que guardo para quando esbarrar em ti e saber dizê-las; não reclame,não corre,não decepe entre nós a única coisa que existe de real,não vê que minha admiração é exata e sem adereços?

Era o que pretendia dizer quando a vi, mas fiquei atônito com sua bela imagem,vi que realmente somente ela me fazia escrever,sonhar e transpirar a vida. Agora entendo que naquele dia intempestuoso não poderia proferir nenhuma palavra de amor: os beijos intermináveis não eram mais meus, nunca foram.

Mas se eu tivesse a bula saberia das contra-indicações, saberia a dose certa de amar e desamar? Como uma faca perpassando músculos e ossos ,foi o que senti ao vê-la dizer não ao meu amor; pergunto-me onde estava a tão famosa razão do homem, onde estava aquela palavra instituída a séculos?

Desejei ser machista; quando senti seu sorriso;desejei agir racionalmente;quando a ouvi falar dos seus sonhos magicamente ; ambicionei desejar outra; quando a senti abraçando uma criança.

Minha linda libélula, meu jasmim que findou no absoluto céu negro dos meus desejos,nada aconteceu nem mesmo um comprimento. Nossas vidas seguem por rumos verticais e horizontais, mas ainda és meu código perdido, minha descoberta ilícita.

Estou entregue a vida que para mim não é mais um ato, mas uma expressão divina da capacidade lúcida e viril dos meus limites. Pela beira do cais, aquela chuva se misturava com minhas lágrimas, tombando, serena, sem sobressalto, sempre afogava a tristeza, a vontade, o futuro... Meus olhos repousavam nos vasos de guerra. E lá ia andando, mecanicamente, até ao extremo do tempo, até onde são consentidos estranhos.