zé da corneta...
Zé da corneta...
O que faz aquele homem perneta, todos os dias na praça, tocando corneta?
Certo dia ao passar pela praça, perguntei aquele senhor de cabelos brancos, dedos castigados pelo tempo. Porque o senhor vem todo o dia, nesta praça tocar corneta?
Naquele instante ele me respondeu: É o que me resta, não tenho família, não tenho mais amigos, não tenho mais dinheiro, não vou mais a festas.
Certo dia fui muito rico, tive tudo de bom, mansão, carro importado e muito dinheiro, mulheres a escolher a dedo, esbanjaram tudo inclusive minha saúde.
Fiquei chocado com a história daquele senhor.
E inconformado com tudo aquilo, perguntei novamente: E seus amigos e parentes?
Ele me respondeu com uma expressão de tristeza: Foram embora junto com meu dinheiro, nunca mais me procuraram.
E agora como sobrevive nesta solidão? Disse a ale: Mais uma vez, ele me respondeu com sabedoria.
Eu venho todo o dia nesta praça tocar corneta. Quando toco minha corneta, parece que a sinfonia atrai os pássaros, eles começam a sobrevoar minha cabeça, depois vão aproximando-se, pousando bem perto.
A cada novo pássaro que conquisto, devolve para mim, a alegria que já tive um dia de viver, eles não me cobram nada e, me visitam todos os dias, assim não me sinto só, e até esqueço o quanto é difícil sobreviver com o salário mínimo e a solidão.
Flavia Freitas