Avó Jacinta.

Deitada nos retalhos de papel picado, ela lembra com ternura da velha avó Jacinta.
Pernas grossas pigmentadas de branco das carnes deixadas no chicote do capataz.
Era rude com as palavras, bruta no trato com a enxada era mulher-homem no roçado.
As lembranças da escravidão alimentavam os minutos breves da vida que se ia vagarosamente. A noite deitava e cantava umas modinhas africanas num tom melodioso e vivo. Passou por aqui aquela africana como milhares de outras, mas ela aprendeu e ensinou as letras... Isso fez a diferença. Aprendeu a liberdade e abriu as portas das gaiolas que prende o conhecimento da evolução. Ela evoluiu e voou. Foi encontrada dormindo com a cabeça sobre um livro. Foi enterrada, mas livre que era pousou nos altos do Morro do Porto Seguro.
Deitada nos retalhos de papel picado, ela lembra com ternura da velha avó Jacinta.
E canta as mesmas modinhas africanas num tom melodioso e vivo.




Imagem Google.